Dois
amigos levantaram questões importantes sobre o texto de ontem que tratava das
três demissões ocorridas na empresa Salesforce. Tudo aconteceu depois da
divulgação de uma foto em que um funcionário se fantasiava de Negão do
WhatsApp.
Um amigo questionou minha frase “és responsável por aquilo que
publicas”. Ele observou que a foto pode ter sido postada por um terceiro e o
funcionário fantasiado acabou punido e nada aconteceu a quem publicou.
Os argumentos do meu amigo/leitor fazem sentido, mas gostaria de
concordar apenas em parte e até relativizar um pouco.
Ao se fantasiar de Negão do WhatsApp e simular ter um falo
desproporcional, o funcionário sabia do risco da imagem parar em alguma rede
social. Expor-se ali era admitir estar na timeline de alguém. Logo, vamos
classificar o caso como “exposição passiva”, ou seja, a postagem não foi dele,
mas a exposição poderia estar nas redes sociais, então ele assumiu o
risco.
Para deixar minha frase mais abrangente vou acrescentar algumas
palavras. Eu fiz uma analogia com a frase antológica do livro O Pequeno Príncipe,
em que a Raposa diz: “és responsável por aquilo que cativas”. Minha atualização
foi: “és responsável por aquilo que publicas”. Vou mudar então “és responsável
por aquilo que publicas e deixas mostrar nas redes sociais”.
Outro tópico de discussão a surgir é: se a postagem for maldosa,
com o claro objetivo de prejudicar alguém, como no caso da tão atual Fake
News? Sob esse aspecto, é cada vez maior a importância de um jornalismo
profissional sério, com apuração e checagem. Difundir por todos os canais
apropriados a importância de não se acreditar em tudo que sai no Twitter,
Facebook e WhatsApp. Claro que a missão é complicada, quando o homem mais poderoso
do mundo usa e abusa de Fake News.
E o pior, o ano de 2018 promete. As eleições no Brasil serão
semelhantes a uma briga de faca no escuro. Polarizadas, exacerbadas e imprevisíveis.
Lembro que em 1989, no debate Collor X Lula, o Caçador de Marajás disse que o aparelho
de som do operário era mais moderno do que o de sua casa em Alagoas. Tinha
também a história de que Lula iria confiscar a poupança. Podemos dizer que
Collor foi um pioneiro nesta história de Fake News.
Voltando a falar da polêmica do Negão do WhatsApp corporativo,
um outro amigo/leitor me chamou atenção que o problema teria sido mais grave pelo
fato do funcionário ser uma pessoa branca se fantasiando de negro, do que pelo
moralismo do falo fake à mostra.
Bem, o racismo é algo ainda muito mal resolvido nos EUA. Há
poucos meses uma passeata de supremacistas brancos indicou que a luta de tanta
gente como Rosa Parks e Luther King está longe de acabar.
Sendo por questões raciais ou por moralismo puritano, o fato é
que funcionários de uma empresa que trabalha com marketing, como é o caso da
Salesforce, não podem escorregar em algo tão elementar nos tempos da Sociedade
da Vigilância: nada que você faz em grupo fica escondido por muito tempo.
Abaixo o link do texto, ao qual me referi nesta postagem
hoje.
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