Vinte e nove de março de 2008, a menina Isabella
Nardoni é encontrada no jardim do Edifício London, em São Paulo. O crime que
chocou o país completou 10 anos há pouco. No entanto, até hoje, o que aconteceu
no apartamento 62 permanece um mistério. O fato é que uma menina inocente de 5
anos morreu barbaramente.
O pai, Alexandre Nardoni, e a madrasta, Ana Carolina Jatobá, foram
condenados em júri popular e cumprem pena em unidades do estado de São
Paulo.
O jornalista Rogerio Pagnam debruçou exaustivamente para tentar jogar um
pouco de luz no caso. Ele lançou o livro O pior dos crimes- A história do
assassinato de Isabella Nardoni. A obra lançada pela Editora Record foi fruto
de uma pesquisa de 5 anos. Pagnam trabalha na Folha de São Paulo e estava de
plantão no fatídico dia.
Tive a oportunidade de fazer um podcast em que debati o caso com ele e
com o editor da Record Carlos Andreazza (https://m.soundcloud.com/editora-record/001-o-pior-dos-crimes).
Pagnam aponta uma série de erros cometidos pela polícia paulista. Dentre
os absurdos na apuração do caso, existe até a história de uma perita que se
declarou mestre e doutora, mas a universidade em que ela disse ter feito os
cursos não encontrou os certificados.
O papel midiático do Ministério Público de São Paulo também é destacado
no livro. É reportagem de primeira. Apuração trabalhosa. Esmero em perseguir
várias pontas da história e entregar ao leitor.
O livro traz muitas perguntas, provas que foram, no mínimo, deturpadas.
Não sou especialista, mas parece haver elementos suficientes para reabrir o
caso.
Há uma questão que me perturba desde que li o livro. Alexandre e Ana
Carolina foram condenados e a pena se estendeu aos dois filhos do casal. As
duas crianças evitam usar o nome Nardoni e relataram caso de exclusão na
escola.
Nada é mais cruel do que a morte de Isabella, no entanto, a condenação
compulsória que os filhos do casal Alexandre Nardoni e Ana Carolina Jatobá fala
muito sobre a falta de empatia.
As duas crianças pagaram também pela morte da irmã. Mesmo que você tenha
convicção que Alexandre matou a filha, fica um gosto de fel danado na boca por
causa da condenação “colateral” das crianças.
A morte de Isabella Nardoni condenou duas pessoas. No entanto, o que
aconteceu só será conhecido no dia que Alexandre e Ana Carolina resolverem
falar. O livro mostra que a peça de acusação montada pela polícia e o MP de São
Paulo tem muita especulação e poucas provas.
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