O escândalo dos abusos na ginástica é terrível e lança
dúvidas em uma relação que deveria ser símbolo de união para um crescimento. A
relação professor/aluno. Porque antes de ser um treinador que busca resultados,
o profissional é um professor que ensina maneiras do atleta se aperfeiçoar.
No entanto, esses casos não são novidade pelo mundo. Larry
Nassar, ex-médico da seleção de ginástica do Estados Unidos foi condenado a
mais de 100 anos de prisão por abusos a atletas. No escândalo brasileiro as
denúncias estão acontecendo em cascata. Lucas Altemeyer, atualmente acrobata no
Canadá, foi o vigésimo atleta a depor no inquérito sobre as suspeitas de abusos
sexuais cometidos pelo ex-técnico da
seleção brasileira de ginástica, Fernando de Carvalho Lopes. O que reforça a
importância de não ficar calado ao sofrer o abuso.
É muito natural que a vítima
se sinta culpada. O atleta Petrix Barbosa, primeiro a falar abertamente sobre
os abusos, disse que achava que estava fazendo algo errado. Na entrevista ao
Fantástico, Petrix disse que em algumas oportunidades, Fernando acordou com as
mãos dentro da calça. No entanto, mais amadurecido, resolveu falar.
O caso reforça o cuidado que
devemos ter com nossos filhos. O abusador é um covarde que se aproveita da
ingenuidade da criança e, muitas vezes, causa danos irreversíveis à personalidade
do abusado. É um alerta para os pais que tendem a “terceirizar” a educação dos
filhos.
Então, é bom conhecer os
professores, acompanhar nos treinamentos, saber onde e como foram as
competições, enfim supervisionar e não delegar a terceiros a função de educar.
Construir um diálogo com os filhos, para saber quando algo está saindo dos
trilhos.
Tirania não é bom remédio
para a formação de atletas, na verdade não é boa receita para a formação de
pessoas em geral. Outro caso assustador foi o de Diego Hypolito. A narrativa
dele de como os atletas mais velhos o submetiam a humilhações é revoltante. O
desfecho da história com ele não conseguindo competir após ter uma crise
desencadeada pelo bullyng só piora a situação.
A primeira reação do MESC de
São Bernardo do Campo foi impressionante. A instituição disse que nunca
recebera denúncias contra o técnico e que por isso não se pronunciaria. Esse
tipo de resposta é um absurdo e pode falar muito sobre o cuidado do clube no
processo de seleção de funcionários. Você não pode culpar ninguém a priori, mas
deve investigar antecedentes, buscar referências, coisas básicas. Afinal, o
trabalho é com crianças e jovens. Fernando estaria cometendo este tipo de abuso
há anos, o inquérito foi instaurado na delegacia de Ribeirão Preto em 2016, e o
MESC tenta se eximir de responsabilidade. Posteriormente, ao ver o tamanho da
encrenca, o clube demitiu o treinador.
Se não ficar provada uma
culpa legal do empregador do treinador, há uma culpa moral, pelo menos. As
vítimas tiveram contato com o suposto abusador por terem procurado o clube para
se inscrever na prática de uma atividade esportiva lá oferecida.
O escândalo da ginástica
artística nos faz pensar que atletas estão sendo formandos e quem são os
formadores desses atletas.
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