A decisão da justiça do Rio determinando que Crivella não beneficie seu grupo religioso é quase humorística, pois isso é tão óbvio que fica parecendo uma comédia de erros um juiz ter que dar essa ordem. É o tipo de sentença que só será cumprida com o auxílio da fiscalização do povo do Rio e dos veículos de comunicação. Logo, a decisão da justiça tem outra função, é uma bela justificativa que os empresários de comunicação têm para manter o bispo-prefeito sob o escrutínio voraz dos jornalistas.
Outra encrenca que Crivella terá que enfrentar é a justiça do DF mandando bloquear seus bens por suspeita de improbidade quando ele era ministro da Pesca. Mais munição para que o prefeito seja atacado. Um dos trunfos que ele carregava era não ter o nome envolvido em escândalos de corrupção. Essa “pureza”, Crivella não tem mais.
Insisto na tecla de que Marcelo Crivella venceu as eleições por causa da entressafra de lideranças políticas da cidade. Crivella é a ressaca pelo fim do “cesarisno” de 92 a 2008 e o “eduardismo” de 2008 a 2016. Os políticos que poderiam herdar esse eleitorado (Carlos Osório, Pedro Paulo e Indio da Costa) se engalfinharam e permitiram a chegada do bispo à Prefeitura.
O prefeito é um “pileque homérico” (para usar as palavras buarquianas). Se o mandato já era errante com as ligações heterodoxas com seu grupo religioso, a operação para barrar o impeachment fez com que ele vendesse a alma aos vereadores. Ou seja, antes da metade do mandato, Crivella já é refém. Para salvar a pele, terá que ceder aos caprichos dos ocupantes do Palácio Pedro Ernesto. Se ainda não tinha acontecido, agora o prefeito vai ser apresentado a vida dura da política.
Voltando ao cerco dos grupos de comunicação ao prefeito, são elogiáveis os esforços de reportagem que estão descortinando a pouca ortodoxia das relações de Crivella com a igreja. No entanto, a idade me deixou chato. Espero que os grupos de comunicação tenham a mesma conduta com governantes que chegaram ao poder apoiados por eles.
Sérgio Cabral faliu o estado com um esquema criminoso em vários níveis da administração, mesmo assim, recebeu uma cobertura simpática até quase o fim de seu segundo mandato. Jornalismo deve ser uma ferramenta que a sociedade tem para controlar os governantes. Se os grupos de mídia usarem a máxima “aos amigos tudo, aos inimigos justiça” serão tão levianos quanto os políticos que atacam e fazem mal à população.
Disse tudo!
ResponderExcluirParabéns