Vou
retomar minhas listas. Hoje serão 10 filmes que me impactaram. Num jantar com
amigos antes da publicação deste texto, substitui três do original. Obviamente
houve discordância. Afinal, cada um faz a sua lista, pois as imagens causam reações
diferentes nas retinas e nos corações.
10° Lugar - Super Homem- O Filme – Richard Donner - 1978.
Tudo é icônico neste filme. Marlon Brando fazendo o papel de
Jorel, pai de Kalel, é emblemática. É emocionante a cena em que o menino viaja de
Krypton para terra numa cápsula ouvindo os ensinamentos do pai. A frase “Verei
o mundo pelos seus olhos” representa o desejo de todo o pai para o momento em
que não estiver mais por aqui. E claro, é inesquecível quando o Super Homem
muda o rumo da história ao voar no sentido contrário da terra para ressuscitar
a amada Lois Lane, passagem eternizada no Brasil por uma bela canção de
Gilberto Gil. Há um detalhe especial: este foi o primeiro filme que vi no
cinema.
9º Lugar - Pulp Fiction - Quentin Tarantino - 1994
A colagem pop barata de Tarantino conquista chocando e
satirizando a violência. O filme ressuscitou John Travolta. A cena em que ele e
Uma Thurman dançam entrou na memória de toda uma geração de cinéfilos. Além,
claro, do diálogo sobre o nome do Big Mac em Paris. É um filme para pessoas bem
humoradas, que não se levam muito a sério.
8º Lugar - Profissão Repórter - Michelangelo Antonioni -
1975.
Jack Nicholson faz o papel de um repórter americano que troca de
lugar com um homem morto. O filme é melancólico, angustiante e faz uma viagem
sobre quem somos e quem gostaríamos de ser. É legal porque traz uma estética
diferente para quem está acostumado com o ritmo mais ligeiro do cinema
americano.
7º Lugar - Assim Caminha a Humanidade - George Stevens -
1956.
O filme é o último da meteórica carreira de James Dean. O mítico
ator morreu antes que a obra estivesse concluída. Assim Caminha a Humanidade
ainda tem no elenco Rock Hudson e Elizabeth Taylor. O filme é no estilo “novelão”
e trata da disputa entre os personagens de Hudson e Dean pelo poder e,
obviamente, pelo coração de Liz Taylor. A obra é considerada também um símbolo na
luta contra a intolerância racial. George Stevens ganhou o Oscar de melhor
diretor pelo filme.
6º Lugar - E o vento levou - Victor Fleming - 1939.
Atravessar 8 décadas com as pessoas sabendo alguns diálogos de
cor é para poucas obras. A olhada de Clark Gable em direção a Vivien Leigh
dizendo “pouco me importa” é um clássico. A trilha sonora entrou na
playlist mundial. O filme ganhou 8 Oscars, dentre eles, melhor diretor e melhor
atriz. Talvez a estatueta tenha sido mais fácil de conquistar do que o papel,
afinal Vivien Leigh disputou o papel com 1400 mulheres. Os críticos consideram
que E o vento levou mudou a forma como os negros eram tratados no cinema.
Hattie McDaniel, inclusive, foi a primeira atriz negra a ganhar um Oscar. Em
valores atualizados, o filme é o mais bem sucedido da história.
5º Lugar - O Sol Por Testemunha - René Clément - 1960.
Alain Delon faz o papel de Tom Ripley, um homem ambicioso e
inescrupuloso que quer viver a vida de um jovem rico. Qualquer outro detalhe seria
spoiler, então recomendo assistir. A fotografia é linda. O filme teve uma
versão nos anos 1990, com Matt Damon no papel que foi de Delon. O filme
americano se chamou O Talentoso Ripley. A versão francesa é mais crua e mais
sugestiva do que a posterior
4º Lugar - Casablanca - Michael Curtis - 1942.
O filme tem como pano de fundo a Segunda Guerra Mundial. A ação
se passa na cidade marroquina de Casablanca. Humphey Bogart é Rick. Na verdade,
Humphrey Bogart é Humphrey Bogart em qualquer filme. Ele é dono de um bar. Um
dia a ex-amante Ilsa, uma Ingrid Bergman de tirar o fôlego, entra no Café de
Rick e a narrativa se desenrola. O personagem de Bogart vive o conflito entre
ajudar o Ilsa e o marido a escaparem do Marrocos e continuarem a luta contra o
nazismo, ou não se comprometer e ficar com o caminho livre para reconquistar a
amada. Apesar de a história ser conhecida, não direi o final. Há fragmentos
clássicos como o de Rick conversando com Ilsa e dizendo: “sempre teremos
Paris”. Há também uma frase que nunca foi dita na obra, mas se celebrizou como
se tivesse sido: “Toque de novo, Sam”. Para completar o relicário cult do filme,
a trilha sonora trás a mítica As Time Goes By. O filme recebeu três Oscars em
1943, Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Roteiro adaptado.
3º Lugar - Butch Cassidy e Sundance Kid
- George Roy Hill - 1969
Paul Newman e Robert Redford interpretam os personagens que dão
nome ao filme. A narrativa se passa no Velho Oeste, com Newman e Redford
interpretando dois bandoleiros. Enquanto praticam assaltos e fazem crescer a
fama de maus e a raiva das autoridades, fazem piadas rápidas e esbanjam
carisma. Adoro a cena final (que não contarei) e a parte em que Paul Newman
anda de bicicleta com Katharine Moss. Para eternizar esse ícone pop, o passeio
tem como trilha sonora Raindrops Keep Folling on My Head.
2º Lugar - Janela Indiscreta - Alfred Hitchcock - 1954.
James Stewart interpreta um fotógrafo que sofre um acidente e
fica confinado em seu apartamento com a perna quebrada. De sua janela,
acompanha o cotidiano de seus vizinhos. Stewart acompanha tudo como se fosse numa
tela de cinema, uma primorosa metalinguagem de Hitchcock sobre o papel do
observador. O fotógrafo flagra o que seria um crime e com a ajuda da namorada,
interpretada simplesmente por Grace Kelly, tenta interferir. O filme é mais um
daqueles que explicam porque Hitchcock é chamado de “Mestre do Suspense”. Ah,
se você acha o máximo Stan Lee fazendo aparições nos filmes da Marvel, o velho
Hitchcock já fazia isso há muito tempo.
1º Lugar - O Poderoso Chefão parte I - Francis Ford Copolla -
1972.
Tudo é grandioso no filme. A interpretação de Marlon Brando para
Dom Vito Corleone é soberba. Os algodões nas bochechas para compor a forma de
falar do personagem e caracterização para parecer um septuagenário, mesmo antes
de chegar aos 50, lhe valeram o Oscar. Só Brando já garantiria o filme na minha
lista. Para reiterar a escolha, tem ainda a cruel frieza de Michael, interpretado
por Al Pacino; Diane Keaton, bela, se mostrando
uma mulher forte, mas com medo do marido; James Caan, sensacional como um
mercurial Sonny Corleone, isto apenas para citar alguns. O filme mostra as
relações nada ortodoxas da máfia com a polícia, a justiça, os jornais e o show business.
Uma obra demolidora. As composições visuais de Copolla são impecáveis. No
entanto, o que mais me prende são os ensinamentos de Dom Vito. Um exemplo deles
é quando ao conversa com Michael, diz: “quem propuser o acordo com você será o
traidor”. O Poderoso Chefão tem frases e padrões de comportamento que podem
fazer você interpretar a vida. É curioso pensar que Brando não era a primeira
opção para o papel e que Al Pacino foi a quarta escolha.
Essa é a
minha lista. Enquanto finalizo o texto já me vieram três filmes para colocar,
mas vou guardar, quem sabe faço um post do tipo “meus outros 10 filmes
inesquecíveis”. Esses textos me ajudam a pensar na verdade irrefutável:
escolher é perder.
A Noviça Rebelde, ET e O mais longo dos dias não podem ficar fora da lista. Pelo menos na minha modesta opinião.
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