A
eleição está nas mãos das mulheres. Essa frase não é esotérica, sexista ou
fruto de demagogia, é matemática. E a afirmação está calcada na última pesquisa
Ibope quando fatiada por segmentos. O calcanhar de Aquiles de Jair Bolsonaro
está no eleitorado feminino. Se entre os homens ele consegue abrir 13 pontos
percentuais em cima de Fernando Haddad, marcando 35 a 22, entre as mulheres o
placar está em 21 a 21.
A mobilização das mulheres nas redes sociais e a campanha do
PSDB, em que é mostrada a maneira hostil com que o capitão trata a deputada
Maria do Rosário e a uma jornalista podem fazer com que o líder das pesquisas
sofra uma queda nos números. É importante ressaltar que nas 5 pesquisas
realizadas pelo Ibope desde o dia 20 de agosto, o candidato do PSL vem subindo
entre as mulheres. Ele tinha 13% das intenções e agora está com 21%. Fernando
Haddad saiu de 3% para 21% no mesmo período. Ou seja, no período pesquisado, o candidato petista
cresceu o dobro do que Bolsonaro entre as mulheres.
No
eleitorado masculino, Bolsonaro tem uma confortável vantagem de 13 pontos.
Bolsonaro cresceu mais fortemente entre os homens depois da facada. Entre as
mulheres a subida não foi tão poderosa. A hashtag ELENÃO pode estar fazendo um
estrago maior do que a campanha de Bolsonaro poderia supor. A mobilização do
dia 29/09, a uma semana da eleição, pode ser decisiva para a situação do líder
das pesquisas. A diferença do movimento das mulheres é que ele pode ser mais
orgânico do que um Fla-Flu entre bolsonaristas e petistas. Quando maltrata
eleitoras, ele está maltratando mulheres independentemente da ideologia
partidária.
Vendo
os números, a campanha tucana deve intensificar a artilharia no lado machista
de Bolsonaro. A pouco mais de 10 dias para a eleição, reside neste ataque a
esperança de Geraldo Alckmin. O fato de Haddad vencer com alguma folga na
simulação de segundo turno contra Bolsonaro é outro fator que pode beneficiar a
campanha tucana. No entanto, para ser o fiel depositário do voto anti-petista,
Alckmin precisa provar que pode vencer Haddad no segundo turno.
No
mais, a pesquisa do Ibope por idade, escolaridade, sexo e renda, pode ilustrar
perfeitamente o momento da corrida eleitoral. Por exemplo, na faixa das pessoas
que ganham até um salário mínimo, Haddad vence por 30 a 16. No recorte de
renda, essa é a única em que Bolsonaro não é líder. A grande vitória do capitão
se dá na faixa de quem ganha mais de 5 salários mínimos. Neste cenário, o
candidato do PSL vence por acachapantes 42 a 15.
A diferença de perfil dos os eleitores pode ser medida também no
nível de escolaridade. Haddad vence por 28 a 19 entre os que estudaram até a
quarta série. De quinta a oitava, o petista crava 26 a 20. No entanto, dentre
os com maior escolaridade, Bolsonaro fica bem à frente. Na preferência de quem
completou o ensino médio, o capitão faz 31 a 12. Já para os que têm o ensino superior,
Bolsonaro alcança 33 a 16. No recorte de idade, o candidato do PSL lidera em
todas as faixas.
Quando um texto tem muito número, assusta o leitor. Na verdade,
o que essas estatísticas mostram é que a eleição vai passar pela forma como as
eleitoras vão se comportar. Com o eleitorado masculino dando uma ampla
margem para Bolsonaro, o esvaziamento ou não de seus números no eleitorado
feminino pode decidir o primeiro turno. O Brasil está rachado entre os mais
ricos e os mais pobres. Para definir, a voz feminina será mais necessária do que
nunca.
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