Em tese, a propaganda seria brilhante, mas guarda uma incorreção que prefiro classificar como imprecisão, mas alguns diriam que é desonestidade intelectual. Diante das inúmeras denúncias de agressão que se espalham no Brasil por parte de apoiadores de Bolsonaro, a propaganda erra ao colocar no mesmo balaio os dois lados.
O mestre Moa, assassinado com 12 facadas na Bahia, era eleitor de Fernando Haddad. O rapaz agredido no Paraná com o boné do MST era contra Bolsonaro. Isso para ficar em alguns casos. O Valor Econômico traz em sua página no Facebook que dos 70 casos de violência por causa de política nos últimos dias, 64 agressores eram bolsonaristas. Logo, sabemos que a propaganda quer relatar algo que não é bem assim.
A Revista Época trouxe em editorial que a onda de violência começou com a facada a Jair Bolsonaro. Talvez tenha “esquecido” dos tiros à caravana de Lula no Paraná que até hoje não foram esclarecidos.
O jornalista Rogério Marques, a quem não conheço pessoalmente, fez uma crítica à capa do jornal O Dia, por ter cometido a mesma imprecisão (que alguns chamarão de desonestidade) ideológica de igualar as agressões.
Os grandes veículos precisam retirar suas máscaras. Atacam as fake news mas não explicitam que a candidatura que utiliza este ardil é a de Jair Bolsonaro. No afã com seus compromissos comerciais comparam maçãs e pólvora. Com uma se produz doce, com a outra munição e morte.
Se os patrões não se manifestaram claramente, coube à Federação Nacional dos Jornalistas se posicionar contra a candidatura do capitão reformado. Dizendo com todas as letras o que ela representa. Enquanto isso, o andar de cima vai colocando panos quentes para se beneficiar, independentemente de quem saia vencedor das urnas.
Então, a propaganda da CBN prega uma pluralidade vazia. A propaganda não é plural, tenta uma neutralidade que nunca existiu, tendo em vista o viés ideológico dos comentaristas políticos da casa. Aliás, outro detalhe é a troca da cor da logo. Para ficar bem evidente que não há lado, a CBN deixou a cor vermelha pelo preto. Provavelmente não queria correr o risco de ser confundida com uma emissora “petralha”, pois isso faria mal aos negócios. Como disse meu querido amigo Alexandre Caroli, não adianta pedir desculpas 50 anos depois.
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