Homens erram. E o erro tem que estar previsto no cálculo. O erro é a porção realista do homem. Nos sonhos, as contas estão certas, as palavras exatas e os sentimentos previsíveis.
O erro é o necessário afastamento do divino. Os erros nos fazem valorizar os acertos. Os erros são o outro lado do balizamento. Errar é uma forma de aprender.
O erro é inevitável e está à espreita. Espera o cochilo do certo para entrar em ação. Às vezes nem aguarda a ausência do certo e se faz convidado indesejado da festa.
A mágoa é um erro. O homem magoa. A mágoa é o necessário afastamento do divino. A mágoa pode ser uma maneira de aprender. A mágoa nos coloca em perspectiva com os nossos sentimentos.
Magoados, perdemos a inocência. Percebemos que quem amamos também pode nos fazer mal. A mágoa é remédio amargo, muitas vezes necessário para sair da zona de conforto.
Magoamos sem intenção. Assim como erramos querendo acertar. A mágoa espera o cochilo do amor para entrar em ação. Um caminho completamente errado é uma caminhada em círculos. A mágoa quando facilmente sentida perde o efeito profilático.
Que a mágoa e o erro tenham a serventia do contraste nos exames de imagem. Ajudando a encontrar o problema que aflige o organismo, sem impedir o resto da jornada.
Que os erros não me façam tropeçar, que as mágoas não me façam estancar. Que os erros não me façam magoar e que as mágoas não me ceguem para o que eu vier a errar.
Afinal é tudo estrada, é tudo escola, é tudo troca constante de paisagem, até que um dia o porto chega e a gente zarpa para outro lugar.
Muito bom!������
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