Cadê o ano? Vi isso num post da jornalista Fernanda
Galvão e me fiz a mesma pergunta.
Só falta um mês para 2017 ser passado. A sorte é que a gente usa pouco
cheque hoje em dia. Errar o ano ao preencher o último cheque do talão em
janeiro, “quem nunca?" Era um clássico.
Alguns vão dizer que ainda está cedo para retrospectivas. Nossa, mas
esse ano foi tão intenso que eu vou me dar ao luxo de puxar a fila.
O ano da graça de 2017 começou com um “divórcio”. Depois de 19 anos
assinei minha primeira demissão na carreira. Pela primeira vez como jornalista,
não foi minha a decisão de sair. Fiquei mais seis meses na Rádio Globo
administrando o fim da antiga emissora. Foi um trabalho desgastante, mais
emocionalmente do que fisicamente falando.
Ao sair da emissora em julho, fiquei como o “cachorro que caiu do
caminhão de mudança”. Demorei uns dois dias para lembrar que tinha que trocar
as informações no Facebook.
Lembro-me de ter escrito que era como deixar a casa depois de anos.
Verdade, aqui não há juízo de valor sobre o que aconteceu emissora, mas não era
mais a minha casa. É como você se mudar do apartamento que morou a vida inteira
e voltar seis meses depois. Os novos donos trocaram os móveis, as cores das paredes, o lustre da sala e a posição das camas nos quartos. Só o endereço é o
mesmo, o apartamento não é mais o seu.
Logo depois da saída, fiquei naquela fase do “ou caso, ou compro uma
bicicleta”. Como já sou casado há mais
de 16 anos e tenho bicicleta, tive que pensar em outras dúvidas para prosseguir
no caminho.
Aventurei-me na tentativa do mestrado. Minha mulher me disse para fazer
a prova deste ano, mas que não criasse expectativa, pois tem gente que se
prepara o ano inteiro e eu só estudaria 15 dias.
Com incentivo de dois grandes amigos, Marcelo Kischinhevsky e Mauro
Silveira, lancei-me na empreitada. Não é
que deu certo? Passei para o mestrado acadêmico da PUC. Ou seja, depois de alguns anos, vou voltar à sala de aula como aluno.
No ritmo que levava quando ocupava a coordenação da Rádio Globo, jamais
teria condição de ter passado na prova. Então, trata-se de mais um caso do
clichê “há males que vem para o bem”.
Ainda me sinto como aquele cachorro perdido entre dois endereços sem
saber usar GPS, mas aos poucos vou encontrando o caminho.
E quase sem querer esbarrei nesse blog. No último sábado de setembro
decidi ter um blog. Pedi ao meu filho que o criasse. Ele criou, me ensinou a
postar o básico e lá fui eu.
O resultado parcial é que faltando um dia para completar dois meses estou
pertinho da marca de 21 mil visualizações (com certeza a marca será
ultrapassada hoje). Teve post com mais de mil visitas. Fiquei honrado e surpreso
que tanta gente tenha interesse em ler o que escrevo.
É um tremendo desafio escrever e publicar todos os dias. Sei que já falei desse esforço
antes, mas nunca é demais lembrar. Esses alertas são antes de tudo medo da
responsabilidade e da exposição. Não é “denguinho” para colher frases de
comiseração do tipo: “nossa, quanto sacrifício”! Logo, minha total admiração a
quem consegue escrever todo dia e ainda se dá ao luxo de escrever mais do que
um post. A esses, minha expressão de reconhecimento tirada de um
video-meme que meu filho me mostrou: “Tu é bichão meermo, hein”.
Então, a saída da Rádio Globo foi mais um lugar que tive que passar para
continuar o caminho. Bem, como ainda falta um mês para o ano acabar e eu
pretendo manter o compromisso de escrever todos os dias, é possível que ainda
faça outras retrospectivas do ano.
Vamos combinar então que essa é a retrospectiva 2017- primeira
parte.
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