Escrever um blog é um ato solitário. É um
compromisso firmado entre o autor e a escrita. Nesse blog que é o diletantismo
de uma teimosia, esse compromisso só aumenta. Para piorar, estamos em dezembro
e o dia está chuvoso. “Cariocas não gostam de dias nublados”. Isso aumenta
minha melancolia.
Ontem foi dia de “meio expediente” no blog. Foi o seguinte: me arrependi
do que postei. Agradeço aos meus amigos Isidoro Kutno e Flavio Loureiro por me
alertarem sobre um erro de avaliação que eu poderia estar cometendo. Agradeço
ao meu amigo Eduardo Compan por ter dado o argumento definitivo sobre uma
dúvida que me atormentava. No momento que minha teimosia caminhava numa direção,
Compan me deu motivo exato para que eu recuasse.
Vou reformular a hipótese do primeiro parágrafo. Escrever pode até ser
um ato solitário, mas se você chamar amigos a participar da aventura, essa
solidão pode diminuir. Sempre fui um ser gregário, odeio voo solo, prefiro asas
quase tocando asas. Sou mais a cacofonia dos sotaques diferentes. Simplesmente,
acho essa forma mais legal para levar a lida. Apesar de toda essa ode à coletividade,
não há divisão de responsabilidades nos erros cometidos por esse escriba. Nessa
folha em branco virtual os erros são todos do autor.
Dito isso, peço perdão aos que receberam o link do post desta
segunda-feira e não conseguiram abrir. Eu retirei o texto do ar.
Avançando mais um pouco no combate à solidão, pensei numa das missões da
minha vida. Tenho filhos adolescentes, acho que a maior dificuldade na luta
diária da educação é fazê-los entender que coletivamente se vai mais longe. É difícil
ensinar que andar em bando é melhor. Nossos tempos impõem uma customização
intensa, em que cada um cria a própria playlist, em que os olhos são capazes de
desbloquear com uma piscadela as funções do celular.
Prestando atenção no coletivo é que nos faz ir à posição do outro. Nos colocando na posição do outro, passamos a respeitá-lo. Amigos, não é fácil ter
um blog, assim como não é fácil dirigir um ônibus e ser trocador ao mesmo
tempo; É difícil ser físico nuclear... Acho que a precarização das profissões se deve
por sempre supervalorizamos nosso trabalho e menosprezarmos o do outro.
Não é fácil fazer o que eu faço. A questão é que o costume e a rotina vão
deixando o trabalho mais rápido, mas nunca deixa de ser doloroso. Um olhar
leviano pode confundir minha rapidez com facilidade.
Pior que a arrogância é a falsa modéstia. É aquela história de dar voz
às pessoas e no final fazer o que quer. Ontem, quando tive dúvidas sobre o que
fazer no texto que publicara, ouvi opiniões porque estava em dúvida. E
não usei de falsa modéstia. Ouvi ponderações de pessoas que queriam me ajudar e
fui convencido da decisão a tomar.
Preciso confessar uma coisa: é libertador ter dúvidas. Esbarrar em incertezas depois de 20 anos de
profissão também. O erro nos faz humanos. O erro ensina. A arrogância é
solitária.
Então, não quero fazer um blog arrogante. Quero abrir minha alma.
Escrever cartas para amigos vivos ou mortos. Falar de amor à minha mulher e aos
meus filhos. E contar histórias que não magoem ninguém.
Envelhecer deixa os passos mais lentos. No entanto, tem que servir para
alguma coisa. No meu caso, ensinou que o recuo não é pecado. É apenas um jeito
melhor de ver a estrada para seguir caminhando. No mais, o primeiro parágrafo
está meio pernóstico e palavroso, mas não consigo pensar em nada melhor para expressar
o que estou sentindo. A opção seria escrever palavrões.
I
Abraços e até amanhã.
"Vivendo e aprendendo a jogar (...)
ResponderExcluirNem sempre ganhando
Nem sempre perdendo
Mas, aprendendo a jogar"
É o que se leva, só aprende a jogar quem joga. Quem pensa que não precisa aprender, este sim, perde feio!❤