Alexandre Caroli, eu, Luciano Garrido e Marcia Martins na redação da CBN
Reunião
de pauta na Rua do Russel. Marco Antônio Monteiro, Mauro Silveira, Alexandre
Caroli e Luciano Garrido comandavam o encontro. Dali a dois dias o sistema
Telebrás seria vendido.
A gente estava na sala da apuração do jornalismo da Rádio CBN.
Do meu lado Lise Chiara, Luiza Xavier, Silvana Maciel, Andrea Ferreira,
Sérgio de Castro, Ermelinda Rita e Ricardo Ferreira. Era uma Seleção e eu ali,
intruso no meio deles.
Julho de 1998. Depois de dois períodos cobrindo férias, fui
contratado. Sabe aquela sensação de sonho se realizando? Era o que eu sentia naquela reunião. Eu era o
Aquaman naquela Liga da Justiça, mas já me sentia um super herói. A reunião era para discutir onde ficaríamos
durante o leilão. Eu era o “calouro” da galera. Iria ficar do lado de fora da
Bolsa de Valores.
Os “cascudos” entrariam no prédio. Eu ficaria cobrindo as
manifestações contrárias à venda. Para minha sorte, com alguém mais
experiente, a Lise Chiara.
Chegou o grande dia. Era 29 de julho. Eu dormira muito pouco, estava
ansioso com a cobertura. Fiquei com a Lise do lado de fora. Combinamos uma
entrada conjunta no ar. Quando eu estava escrevendo meu flash, a Lise foi
direta: “Creso, não escreva, você não vai conseguir escrever uma linha hoje”.
Não menospreze a experiência, eu não consegui escrever nenhum texto naquele dia.
Tive que improvisar em todas as entradas. Foi uma prova de fogo, a primeira de
muitas.
Tinha assinado o contrato no dia 25 e no dia 29 eu entrei
chorando no ar. Não foi de emoção, foi por menosprezar a experiência... O
Luciano Garrido havia aconselhado que eu levasse um lenço molhado e, em caso de
gás lacrimogêneo, não colocasse as mãos nos olhos de forma alguma. Hahaha, não
levei o lenço e a primeira coisa que eu fiz quando o bicho pegou foi colocar os
dedos no olhos...
Para que essa leitura não induza vocês a uma ideia que a vida
deste repórter foi só de pautas interessantes, fiz a alta da Sacha na clínica
São Vicente, na Gávea. As entradas tinham um desafio extra. Falar Sacha e Xuxa
na mesma frase sem enrolar a língua...
Com seis meses de emissora, fui cobrir o carnaval. Eu que nunca
tinha visto um desfile inteiro, fiquei a noite toda na Marquês de Sapucaí. Desse primeiro carnaval, guardo uma lição. Fui
entrevistar a Tais Araujo. Ela estava fantasiada de Xica da Silva. Eu comecei a
entrevista com ela falando: “Tais, você está irreconhecível, como foi a emoção
de desfilar?” Solícita, a atriz me respondeu. Ao devolver à cabine, o âncora
Amaury Santos me perguntou: “por que a Tais está irreconhecível?” Só assim me
manquei e descrevi a fantasia dela.
Outra passagem marcante aconteceu em 2001. Dia 25 de março, um
domingo, eu estava de plantão. Minha mãe passou mal e foi para o hospital. Estavam
comigo Carolina Morand e Adriana França. Depois de idas e vindas por causa do
plano de saúde, minha mãe foi parar num hospital distante uns 30 km de nossa
casa. Ela não resistiu. Eu soube pelo telefone da morte da minha mãe. Carol e
Adriana me confortaram nesse que foi um dos dias que a barra mais pesou na
minha vida.
Daquele prédio na Rua do Russel, saí correndo quando minha
mulher entrou em trabalho de parto do nosso primeiro filho. Também já tive que voltar
correndo para lá quando, por exemplo, o Papa João Paulo II morreu.
Na CBN casei, virei pai, andei de helicóptero, me diverti e me
frustrei. Na emissora consegui repertório para minha outra profissão: ser
professor. Dar aula é algo que me renova. As aventuras vividas como repórter,
repórter aéreo, produtor, redator, chefe de reportagem e âncora eventual me
enchem de orgulho. Essas múltiplas funções me fizeram ficar em estado
permanente de aprendizado. E estar em sala de aula é tanto aprender quanto
ensinar.
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