Matar macacos com medo que eles transmitam febre
amarela fala muito da doença humana. Essa doença a qual me refiro tem a ver com
ignorância, maldade e intolerância.
Como nasceu essa notícia falsa que fez as pessoas confundirem o papel do
macaco, que é vítima, com o de vilão? É a tal história, alguém ouviu mal, ou não
interpretou direito alguma notícia. Aí a falsa informação começou a se espalhar
pelas redes sociais. E no fim deu-se a matança de macacos.
Diante de tal imbecilidade, é bom destacar uma sentença óbvia. O ser
humano tem uma importância fundamental neste planeta. Ele deve proteger fauna e
flora, além de proteger a si mesmo. No entanto, invadimos o espaço que era da
natureza. Não usamos uma agricultura racional, queimamos plantações e
derrubamos árvores.
Outro dia caminhando pelo Parque Lage, percebi a mudança de
comportamento dos macacos do local. Antigamente, eles ficavam mais escondidos
na mata por trás do casarão. Hoje, eles chegam até a porta do parque. Fiquei
chocado, como eles comem plásticos, sacos de biscoito e reviram as lixeiras.
Mudamos a dieta dos macacos. Parabéns a todos nós envolvidos no processo.
A febre amarela estava erradicada, no entanto, por uma série de descuidos
dos controles de saúde, a velha conhecida voltou. Aí o macaco, que não
tem Ministério da Saúde, não tem ex-governador ladrão e nem deixa água parada
em casa, leva a picada do mosquito e morre, já que não tem vacina suficiente
nem para o bicho homem, quanto mais para o macaco.
O ser humano, desinformado vai lá
e mata o macaco. Nesta história, quem paga o “pato” é o macaco, com trocadilho
infame, por favor. Se ficar o mosquito ataca, se correr o homem mata. Tá feia a
coisa para os símios.
Nossa relação com os macacos é mal resolvida. Eles são primatas como
nós. Tem gente que tem vergonha de qualquer possibilidade de parentesco. Numa
boa, os macacos é que devem ter vergonha da gente.
Do que adiantou aprender a ler, escrever, falar, andar ereto e vestir
roupas? Não sabemos ler o que escrevemos e usamos as palavras para ofender e
destruir.
Essa matança de macacos é um caso clássico de dar pouco valor à vida.
Antes de se informar melhor, o homem prefere matar o macaco à pauladas ou envenenando-o.
Morre mais um pouco a humanidade, envenenada em seu desrespeito pela
vida, sua ignorância e sua intolerância.
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