Estamos a uma semana do carnaval. Hoje a data não
me causa reações como as do passado. Nada a ver com a festa, uma celebração
necessária para afastar o baixo astral da cidade. Tudo está relacionado ao fato que depois de
alguns anos não vou trabalhar durante o tríduo momesco. Entre 1999 e 2007 e de
2011 a 2017 estive diretamente envolvido com a Marquês de Sapucaí.
Até debutar na avenida, nunca tinha conseguido assistir a um desfile
inteiro. Não que não gostasse do espetáculo. Sei bastante da história de
antigos carnavais. Não sou uma enciclopédia como os amigos como Carlos Gil,
Eugênio Leal, Alberto João e Fred Soares, mas tenho memórias emocionantes de
desfiles como Bum Bum Paticumbum Prugurundum, do Império, Ziriguidum 2001, da
Mocidade e Ratos e Urubus Larguem Minha Fantasia, da Beija-Flor, para ficar em alguns. Reverencio
gênios como Joãosinho Trinta, Fernando Pamplona e Fernando Pinto.
Meu problema com carnaval era físico mesmo. Ficar as duas noites de
desfile do Grup Especial de pé, andando de um lado para outro, falando com as
celebridades e personalidades do samba exigia quase uma preparação de atleta, o
que não tenho há uns 20 anos. Quando eu via a vinheta da Rede Globo anunciando
o carnaval eu me sentia mal, mergulhava numa espécie de cansaço prévio.
No entanto, quando estava na avenida, me divertia. Afinal, jornalista
que gosta do ofício quer estar onde tem notícia. E a Marquês de Sapucaí é pródiga
como produtora de fatos e pautas.
O meu primeiro carnaval na avenida me marcou por três histórias. A
primeira, contei em outro post. Como era “pato novo” não podia mergulhar fundo
e fui para a área de dispersão do desfile. Taís Araújo estava chegando após
desfilar pela Imperatriz. Ele estava fantasiada de Chica da Silva. Ao abordá-la,
disse no ar que ela estava irreconhecível e não descrevi a fantasia. Só o fiz
depois que o âncora da transmissão me chamou atenção no ar.
A segunda passagem foi o fora que levei do carnavalesco da Mocidade na
época, Renato Lage. A escola de Padre Miguel era forte nas décadas de 80 e 90.
No entanto, naquele ano houve uma falha no desfile. O “buraco’ aconteceu em
frente à cabine da Rádio Globo, que antigamente ficava perto de um dos módulos
de julgadores. O âncora da transmissão pediu que eu perguntasse ao Renato o que
tinha acontecido. Quando o informei do furo na evolução, ele se irritou. Tentei
argumentar que foi na frente cabine da rádio, não adiantou. Ele encerrou a
entrevista dizendo ironicamente que eu entendia mais de carnaval do que ele. A
Imperatriz ganhou aquele carnaval e a escola da Zona Oeste perdeu pontos
preciosos por causa da falha.
A terceira foi mais prosaica. Alguém sabe quem é Suzana Alves? Mas se eu
disser Tiazinha, a galera com mais de 25 anos vai lembrar. Pois é, se em 2018 o
carnaval pode ser de Pabblo Vitat ou Jojo Todynho, o de 1999 teve a grife da
Tiazinha.
Como todos os jornalistas presentes na Praça da Apoteose (exceção feita
aos da TV Globo, já que a moça era da Band), tive que tentar falar com a
celebridade. Eu tinha uma desvantagem competitiva. Meu microfone tinha metros e
metros de cabo. Ao tentar entrevistar a moça, fiz um strike em vários
jornalistas.
O fio do meu microfone representou um obstáculo a mais para quem estava
na Praça da Apoteose em 1999. Nos anos seguintes os repórteres foram com
microfones sem fio para a concentração, pista e dispersão. Pelo menos meu
sofrimento legou alguma melhora nas condições de trabalho.
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