O nome jurídico é intervenção federal, mas na
prática se chama atestado de óbito do governo Pezão. A administração Temer, que
não anda bem das pernas, vai fazer uma tentativa de consertar o caos criado
pela quadrilha do Cabral no estado. Uma das consequências do colapso do Rio é
que os bandidos resolveram afrontar uma polícia combalida, sem recursos,
desequipada e mal treinada.
Apesar de se dizer totalmente favorável à medida do Planalto, O
Governador Luiz Fernando Pezão sabe que seu governo está ferido de morte. Temer
assinou o certificado de incompetência do aliado. Nos bastidores, comenta-se que Pezão não
queria essa solução. Mas ele não está em posição política para rejeitar a
decisão. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia ficou irritado por ter sido
surpreendido por medida tão grave em seu estado. As mãos amarradas de Pezão e a
surpresa de Maia mostram como o Rio anda sem “caciques” com prestígio
político.
Na prática, o governador do Rio foi substituído no assunto mais
importante de sua gestão. A administração estadual perdeu totalmente a
capacidade de combater o crime. O presidente afirmou que os bandidos quase
tomaram conta do Rio de Janeiro.
Que a decisão de transferir para um general a responsabilidade pela
segurança no Rio não enseje ideias ou saudades de um tempo em que isso foi
rotineiro.
As UPPs deram a impressão que o Rio havia se libertado do “estado
paralelo”, no entanto, a falência do estado oficial, e consequentemente do
modelo, levou a esta situação.
Roberto Sá foi afastado da secretaria de segurança e o general Walter
Souza Braga Netto comandará as polícias civil, militar e o corpo de
bombeiros.
Haverá toque de recolher? Haverá zonas de exclusão? Haverá revistas
aleatórias? O que irá acontecer ainda precisa ser divulgado. O ministro da
Defesa se apressa em dizer que a democracia não corre risco. Tomara...
A diminuição da violência passa por inclusão social, educação e
cidadania. A intervenção federal não pode descambar para um estado
policialesco. O medo nos leva a lugares que não gostaríamos de estar.
Tanques devem estar nos quartéis. De lá só devem sair em ações extremas
e pontuais. A quadrilha de Cabral e a inoperância de Pezão fizeram com que o
Rio tivesse o triste “privilégio” de sofrer a primeira intervenção federal em
um estado desde que a Constituição de 1988 foi promulgada.
A ação poderá aumentar a sensação de segurança, o que não é pouca coisa,
mas com o passar do tempo, se as causas da violência não forem atacadas, a
intervenção federal se transformará em mais uma operação “enxuga gelo” como
tantas outras que o estado testemunhou.
O general interventor afirmou que a situação não está tão ruim no Rio e
que existe “muita mídia”. Essa afirmação me intrigou. Se o comando da operação
afirma que o quadro não é tão grave, por qual motivo foi decretada uma ação tão
radical?
Talvez na época que o Alemão foi ocupado, a situação estivesse pior do
que agora, no entanto, por estarem nas cordas, Pezão, administrador de um
estado economicamente falido, e Michel Temer, chefe de um governo moralmente falido,
foram impelidos a dar alguma satisfação ao distinto público.
Como segurança pública é um tema caro à sociedade, um sucesso rápido da
intervenção pode até valorizar o título de eleitor de Michel Temer. É uma possibilidade
remota, mas com certeza não está fora dos cálculos políticos do presidente da República.
À população, restar esperar que a intervenção federal dure apenas o
minimamente necessário.
Perfeito!!!
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