Acho que a grande dificuldade no relacionamento
entre pais e filhos em nossos dias está na diferença de conhecimento. A balança
está desequilibrada para o lado dos mais novos.
Meus filhos de 14 e 12 anos tem mais informações em seus novos “HD’s” do
que eu na minha memória analógica. A adolescência já era uma época de
questionamentos e conflitos entre pais e filhos, agora acho que está
pior.
Vivemos um grande impasse. Os jovens têm um acúmulo de informações
impressionante e maturidade zero para administrá-las.
O que podemos fazer? Somos empíricos e analógicos, queremos ensiná-los,
mas esbarramos nas nossas limitações. Para cada “lição” que queremos lhes dar,
eles voltam com artigos, games e vídeos que lhes falam com mais
proximidade.
A única porta para o diálogo parece ser a do afeto. Fazê-los entender
que apesar de terem mais informação do que nós, somos necessários como velhos
oráculos. Devemos recorrer a exemplos que falem aos seus corações.
Um deles pode ser mostrar que Luke Skywalker precisou do Obi-Wan para se
tornar um Jedi. Ao passo que Anakin, mesmo com todo potencial, se deixou levar
pelo lado ruim da força e se transformou em Datth Vader.
Brincadeiras nerds à parte, essa questão é realmente preocupante. Eles
vivem relacionamentos e interações impensáveis em nossa adolescência. Um amigo
do meu filho morou dois anos fora e voltou há pouco ao Rio. Perguntei a ele
como foi retomar o contato, a resposta do meu filho me deixou um pouco
desconcertado: “não perdemos o contato”.
É isso, eles não precisam desse negócio tão segundo milênio que é o
encontro pessoal. As relações são virtuais. Compartilham links, videos, memes e
mantém a chama da amizade sem fronteiras.
Obviamente, nem tudo são flores. Eles podem se fechar em seus círculos
virtuais e terem dificuldade de se expressar ao vivo, olhar nos olhos do outro.
Fazer a “ronda” nas redes sociais deles pode ser uma solução para evitar as armadilhas.
Mas pense, se você dava “cambalhotas” nos seus pais com telefone discado, que
demorava a dar linha, imagine como eles são capazes de esconder algo de você,
cidadão do século passado.
A ponte do afeto é a única capaz de fazê-los entender a frase de Ben
Parker, tio do Homem Aranha: “grandes poderes requerem grandes
responsabilidades”. Bater de frente, dizer “você vai fazer isso porque sou seu
pai”, só vai afastar e destruir a via de acesso ao coração do filho.
Nesse mundo com milhões de ofertas, terabytes e aplicativos até para
marcar ciclos menstruais está cada vez mais difícil ensinar que a gente tem que
viver com o necessário e sem ostentação.
Afinal, ainda não inventaram remédio para o destino inevitável de toda
vida. A grande lição que podemos dar é ser felizes com o que temos. Desejo sem
satisfação e realidade apenas virtual só nos farão enlouquecer e morrer aos
poucos.
Grande verdade.Sö pelo amor....
ResponderExcluirMuito pertinente. É issk mesmo. As lentes não são as mesmas. Temos que buscar convergência para manter a conexão.
ResponderExcluirExcelente Creso! Identificação total com tudo que vc disse! É impressionante como eles se relacionam - o tempo todo e, ao mesmo tempo, de tão longe... Serginho disse que com as nossas lentes eles exergam turvo. Concordo! Então, o caminho para o encontro passa pelo coração, você tem toda razão!
ResponderExcluirPois é. Amar é ter compreensão. Às vezes nos esquecemos disso é queremos molda-los. Eles são pessoas com identidades próprias. Vivendo num tempo que pertence a eles.
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