Jornalista é aquele cara chato, que questiona tudo. Jornalismo é aquilo que todo mundo reclama e acha que sabe fazer. No entanto, o jornalismo é feito por quem ele escolhe que faça. Então, essa profissão é isso, um farol para ajudar a iluminar caminhos, discussões e despertar o incomodo na alma de ter que pensar diferente.
Se o jornalismo é um farol, ele perdeu uma das fontes de luz. Alberto Dines era desses profissionais que não se conformavam com o estado das coisas. Ele é um dos pilares do jornalismo brasileiro nos últimos 60 anos.
A reformulação gráfica e editorial que comandou no Jornal do Brasil é histórica. Assim como a chamada que fez na primeira página do diário quando houve a decretação do AI-5.
Tudo isso está descrito em editoriais e obituários dos jornais. No entanto, uma face menos mencionada foi a de Alberto Dines professor. Ele lecionou na PUC entre os anos de 1963 e 1966. Escolhido paraninfo por uma turma, fez um discurso contra a censura e foi preso.
Era a época que ele, com a genialidade que só as coisas simples tem, descreveu como: “Tempo negro, temperatura sufocante, o ar está irrespirável. O país está sendo varridos por fortes ventos”.
Em dezembro, o crime do estado contra as liberdades individuais completa 50 anos, mas a frase de Dines poderia ser reproduzida hoje.
O Observatório da Imprensa, ideia sua surgida quando comandava o Laboratório de Estudos de Jornalismo da Unicamp, serviu como pós-graduação informal para jornalistas. Seus artigos que faziam com que os profissionais avaliassem as reportagens e coberturas em que estavam envolvidos.
Alberto Dines disse em uma entrevista que
“As pessoas têm de ser motivadas para saber o que está acontecendo no mundo. Para não serem carregadas para lá e para cá. Sem seu arbítrio”.
A verdade é que Adalberto Dines é uma espécie de paraninfo dos professores de jornalismo e do jornalismo brasileiro em geral. Cada vez que um editorial escorrega eticamente, ou as corporações jornalística colocam interesses privados a frente de sua função pública, o legado de Dines se torna essencial.
Agora, nos resta respeitar a memória de Alberto Dines. Como fazer isso? Sendo aquele cara chato, que questiona tudo, crítico e inconformado com o estado das coisas.
Que perda. As redações já não tem mais espaço pra jornalistas como ele.
ResponderExcluirQue perda. As redações já não tem mais espaço pra jornalistas como ele.
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