Eu iria
escrever sobre política. O texto está até pronto. No entanto, alguns amigos me
pediram para inventar mais listas. Outros sugeriram assuntos. Uma das leitoras
sugeriu séries. Pensei que escrever sobre séries é quase tão “nitroglicerina”
quanto escrever sobre política. Resolvi então colocar um filtro. Nesta lista só
vão entrar seriados da minha infância e adolescência. O que, salvo engano,
limitou a lista às quatro últimas décadas do século XX. Para que o leitor
entenda o contexto, eu faço parte da Geração Coca-Cola, aquela que o Renato
Russo definia assim: “Quando nascemos fomos programados a receber o que vocês
nos empurraram com os enlatados, USA das 9h às 6h”. Logo, só haverá
enlatados. Diferentemente da lista de novelas, que apelei para a memória, na de
enlatados, ou melhor, na de seriados, vou usar o Google para algumas informações.
Aliás, uma ferramenta de buscas que não fazia parte da realidade dos títulos
que virão a seguir.
10° Lugar - Os Waltons (1972-1981)
“Boa noite vovô, boa noite, vovó”, “boa noite, John Boy”, “boa
noite, Mary Ellen”. Quem nasceu da metade dos anos 1960 até metade dos anos
1970 se lembra bem desta parte. A câmera mostrava a fachada da casa dos Waltons
de noite, e a cada cumprimento, uma luz se apagava. Os episódios terminavam
invariavelmente assim. E davam uma ideia que ao fim do dia as coisas se
resolviam e que com a família unida e tudo acabaria bem. A série era sobre uma
família americana que habitava no campo durante a Grande Depressão e a Segunda
Guerra Mundial. A história era narrada por John Boy, filho mais velho, que
queria ser jornalista. As histórias eram bucólicas e dramáticas. Depõe contra a
série o fato de George Bush pai ter dito que queria a família americana mais
próxima dos Waltons do que dos Simpsons. Mas quando eu via a série, não tinha
esse discernimento político todo. Gostava e ponto.
9º Lugar - O Homem de Seis Milhões de Dólares.
Steve Austin era um astronauta que sofreu um acidente sério com
uma aeronave. Para sobreviver, foi submetido a uma operação em que partes do
seu corpo foram substituídas por próteses biônicas. O fato é que o cidadão
passou a ter uma força descomunal com os braços e um olhar de lince. Além
disso, podia correr a 80 km/h. Fato de pouca valia hoje em dia, dado o trânsito
nas grandes capitais brasileiras. A cada salto, olhar, ou corrida biônica vinha
o “tatatata” da onomatopeia da trilha que indicava o esforço do herói. O ator
principal era Lee Majors, que entre outras proezas foi marido da belíssima
Farrah Fawcet, estrela da próxima série.
8º Lugar - As Panteras (1976-1981)
Um trio de detetives que desvendava intrincados casos de
chantagem, intrigas internacionais e o que mais pintasse. Detalhe
importantíssimo para época em que assistia: as três eram deslumbrantes atrizes.
Kelly, Sabrina e Jill povoavam a cabeça de todo marmanjo que via a atração.
Obviamente, não passaria no escrutínio de nossos dias e seria classificada como
sexista. Era mesmo, mas meus hormônios nublavam meu julgamento.
7º Lugar - Casal 20 (1979-1984).
Jonathan e Jeniffer Hart formavam um glamoroso casal que
resolvia vários casos, como crimes na alta roda, tráfico de drogas e espionagem.
Além do casal, o fiel mordomo Max e o cachorrinho Freeway eram presenças
constantes na série. Robert Wagner, o eterno Príncipe Valente, fazia o papel
Mr. Hart. Stephanie Powers era a senhora Hart. A abertura era icônica, com o
locutor dizendo que ele era um dos 10 mais ricos e ela uma das 10 mais
elegantes. A soma dava o “20” do título brasileiro. Por causa do
sucesso da série, a dupla de ataque do Fluminense Washington e Assis passou a
ser denominada como Casal 20. Era pop puro.
6º Lugar - Magnum (1980-1988)
Thomas Magnum era um detetive particular que resolvia os casos
mais escabrosos no Havaí. Ele era chefiado pelo o implacável Higgins, que
tentava atrapalhar todas as puladas de cerca e maneiras pouco ortodoxas de
Magnum para resolver os casos. Magnum era
jardineiro de um misterioso Robin Masters e morava numa mansão sensacional. Ao fim da penúltima temporada,
Magnum chegou a ser morto, mas depois foi ressuscitado pelos produtores. Eles viram que a série ainda poderia render. Algumas curiosidades sobre Tom Seleck, o
protagonista. Por estar fazendo Magnum, recusou o papel de Indiana
Jones... bem, depois fez o papel de Richard em Friends, namorado da personagem
Monica durante alguns episódios.
5º Lugar - Agente 86 - (1965-1970).
No contexto da Guerra Fria e da espionagem, o seriado contava a
história de Maxwell Smart, um atrapalhado espião que resolvia os crimes
cometidos pela perigosa organização K.A.O.S. E eraajudado pela agente 99, pelo
agente canino e pelo Chefe. Smart tinha equipamentos icônicos que o ajudavam a
solucionar os casos. Os mais lembrados são o “cone do silêncio” e o “sapato-fone”.
Outra marca da série era a abertura, quando varias portas iam abrindo e fechando sucessivamente e Smart não conseguia chegar a lugar algum. Dom Adams ganhou
vários prêmios pelo papel título. Recentemente, Steve Carrell deu vida ao
personagem no cinema.
4º Lugar - A Gata e o Rato (1985-1989).
Bruce Willis e Cybill Sheperd interpretavam um casal
de detetives que vivia em flerte constante. As tiradas de Willis na série eram
sensacionais. Ele era engraçado, malandro, enquanto Cybill era mais
“patricinha”. A química do casal funcionava demais. A série transformou Willis
em celebridade. Depois do seriado, o ator estrelou a franquia Duro de
Matar.
3º Lugar. Jeannie é um Gênio.
O major Anthony Nelson não tinha do que reclamar. O cara era
astronauta, solteiro e tinha uma garota perdidamente apaixonada por ele. Com um
detalhe: ela tinha poderes mágicos porque era um gênio. E o major Nelson tinha
muito mais do que três pedidos para fazer. Essa era sinopse de uma das séries
mais queridas das pessoas da minha geração. Bárbara Eden era a menina que morava
em uma garrafa, saia de lá virando fumaça e se transformava num gênio. Jeannie
era engraçada, ciumenta e adorável. De tanto tentar, Jeannie conseguiu casar
com seu “amo”, mas aí a série terminou.
2º Lugar - Barrados no Baile (1990 - 2000)
Os gêmeos Brandon e Brenda saem de Minneapolis para Los Angeles,
por causa da transferência do pai deles. A série falava da adaptação dos dois à
nova cidade, ao novo círculo de amizades e à diferente realidade econômica. Os
conflitos existenciais de Barrados no Baile eram os mesmos que passávamos
quando assistíamos. Tabus como virgindade e aborto eram discutidos. Dependência
química, vício em jogos, tudo estava retratado lá. Há pouco tempo vi na HBO um
filme que romanceava os bastidores da série. O mais engraçado é que os gêmeos
na ficção deram uns “amassos” na vida real. Imagino a reação da Tradicional
Família se soubesse disso na época.
1° Lugar - Anos Incríveis (1988-1993)
A música de abertura é uma versão de Joe Cocker para Whith a
Little Help from My Friends. Kevin Arnolds é um garoto que vive numa cidade do
interior do EUA nos incríveis anos 1960. A série mostra a adolescência dele,
suas crises, seus romances, seus amigos. O narrador da história é um Kevin
adulto, 20 anos mais velho. Impossível não se emocionar em todos os episódios e
não se sentir retratado. A adolescência é universal. Uma série bonita e tocante. Os enlatados não trouxeram
apenas coisas ruins para a Geração Coca-Cola.
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