Jânio Quadros, João Goulart, Castello Branco, Costa e Silva, Medici, Geisel, Figueiredo, Sarney, Collor, Itamar, Fernando Henrique, Lula, Dilma e Michael Temer. Esses cidadãos de uma forma ou de outra têm participação na tragédia que transformou em cinzas a história do Brasil.
O maior museu do Brasil e 5º maior do mundo recebeu um presidente da República há mais de 50 anos, quando o presidente Juscelino Kubitscheck pisou em seus salões.
Este abandono mostra como os governantes tratam nossa história. O Museu Nacional representava quatro coisas que são fundamentais para um país, mas que dão poucos votos: memória, cultura, educação e pesquisa.
Uma nação que trata mal o seu passado jamais terá futuro. Quando não entendemos nossa origem, não conseguimos planejar onde queremos chegar. Esse desgoverno que usurpou o poder, usurpa agora a memória do Brasil.
Mas sejamos justos, o início deste texto é para lembrar que o atual governo é culpado, mas não pode ser apontado como o único. Tratar mal a cultura, ironicamente, faz parte da cultura de nossos governantes.
Como um amante da história do Brasil, o fogo no Museu da Quinta arde na minha alma. Pensar que meus netos não vão conhecer os tesouros que ficavam guardados lá é desolador.
Minha filha de 12 anos ficou arrasada pela perda da Luzia, o fóssil humano mais antigo do Brasil. É tão evidente a causa do fogo, que mesmo tendo pouca idade ela cravou: isso tudo é culpa da corrupção. Roubaram tanto que não sobrou dinheiro para o Museu. Infelizmente, não tenho como contradizê-la.
A entrevista do vice-diretor do Museu, Luiz Fernando Duarte, à Globonews foi assustadora. A instituição pedia há anos verbas para, entre outras coisas, fazer um sistema de prevenção de incêndios. Não havia dinheiro para isso pelos motivos que minha filha destacou, provavelmente.
O fato cristalino que até uma criança de 12 anos percebe foi mostrado por uma reportagem da Globonews. Exibida em primeiro de maio, a matéria denunciava que o estado de preservação do palácio era precário e que a destruição ocorrida no domingo era uma tragédia anunciada.
O que se perde é incalculável. Não são apenas 200 anos de historia, ao pensar no acervo das múmias egípcias, por exemplo, a conta atinge milhares de anos. O compromisso com a cultura do país é abandonado governo após governo.
O incêndio na Quinta é um triste símbolo de um período tenebroso da história deste país. Infelizmente, nada garante que este será o último. No meio de tudo, descobre-se que o último alvará dos bombeiros para o Museu tem mais de 10 anos. Durante anos, os visitantes estiveram expostos ao risco de estar numa visita e repentinamente começar um incêndio.
Além dos presidentes citados no início deste texto, ministros da Educação e da Cultura nos últimos 60 anos deveriam ter os nomes escritos na lápide do que sobrou do Museu Nacional.
Completando a tragédia, os bombeiros ficaram sem água durante um tempo para combater o incêndio. É um pesadelo que parece não ter fim.
Muito bom, Creso!
ResponderExcluirObrigado pela leitura, Clarice
Excluirótimo texto Creso como sempre, mas essa verdadeira catastrofe do incêndio do museu, como todas as outras não tem uma única causa, mas um conjunto de fatores. O jornal O Globo tem uma matéria ontem, expondo os números financeiros da UFRJ. Acho que o reitor e os demais dirigentes dessa Universidade deveriam vir a público, além de só reclamar de mais verbas, dizer o que é feito com o orçamento anual de 3,1 BILHÕES de reais. Qual a produção cientifica? Como está no ranking nacional e internacional das demais universidades? Os professores e funcionários cumprem a carga horária? Dos alunos que iniciam os cursos, quantos se formam?
ResponderExcluirAcho que uma tragédia como essa tem vários culpados.
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