Dali em diante, o compromisso de dois em dois anos se renovou. Não reclamo de ter que ir à seção eleitoral. Votei escrevendo nome em cédula e agora voto digitando. A vida muda.
O que não mudou de 1989 para cá foi meu lado. E por isso elenco as minhas razões. Em que pese o fato de Fernando Haddad ser um professor bem preparado e democrata, as razões do meu voto são mais contra do que a favor. Como disse um dos meus oráculos no jornalismo, tem uma linha que o eleitor deve traçar. Eu tracei a minha. Minhas 13 razões para não votar em Jair Bolsonaro.
1) Pelo meu pai. O velho Creso era getulista e brizolista. Conversou comigo sobre o que acontecia no país. Acho que devo meu voto a ele num momento extremo como esse. Não quero que ele saia do céu para se ocupar de dar umas boas palmadas em mim.
2) Pelo que aprendi com a minha mãe, Dona Alzira., a mulher mais forte que conheci. Olhando para o seu 1,47 m nunca pude pensar em “fraquejada”. Sair do Nordeste, com 38 anos, e sete filhos não é para qualquer um. Mas ela veio e eu estou aqui.
3) Pela minha filha. Não quero que ela ande com medo na rua. O mundo da testosterona que prende e arrebenta e quebra placas de vereadoras assassinadas deve ser combatido pela lei. Não incentivado e premiado com vitórias nas urnas.
4) Pela minha profissão de jornalista. Nunca o jornalismo profissional foi tão necessário. É lanterna que joga luz no obscurantismo, bússola para impedir a chegada do autoritarismo. Bastião no combate ao império das fake news.
5) Pela minha profissão de professor. Pela livre cátedra, pelo debate das ideias. Pelo dever de formar com diálogo e em meio a posições dissonantes. Voto contra a censura que os TRE’s e o TSE impuseram nesta eleição.
6) Voto contra a violência. Contra a ideia que se metralha os adversários. Voto contra a ideia de ter inimigos. Não acredito que seres humanos possam se referir a outros seres humanos como pestes que precisam ser exterminadas.
7) Voto contra o excludente de ilicitude. Não se pode dar licença para matar ao policial. Deve-se dar condições dignas de trabalho a ele e aos mais necessitados.
8) Voto contra a ideia de “direitos humanos para humanos direitos”. Voto pela Declaração Universal dos Direitos Humanos.
9) Voto contra a xenofobia. Voto pelo direito de ser oposição sem ser expurgado para a cadeia ou para fora do país. Voto pelo direito de ser oposição sem precisar ser exilado.
10) Voto contra a repressão. Voto pela liberdade, bem universal dos seres humanos.
11) Voto contra a venda indiscriminada de armas. Revólveres, pistolas e espingardas foram feitas para matar. As armas aumentam a violência e não a segurança. Voto para que minha mulher, meu filho e minha filha tenham um mundo menos violento.
12) Voto contra a intolerância. Voto na diversidade. Não se deve ficar insensível ao drama de negros e gays. Não há “coitadismo”, há violência.
13) Voto na democracia. Ela pode ter nos legado governantes imperfeitos, mas foram nossas escolhas. Eu lembro de como era na época em que a gente não escolhia os presidentes. Era bem pior.
Credo, suas razões são mais do que legítimas. Penso da mesma forma! Parabéns pelo excelente texto!
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