Meu time perdeu, minhas costas travaram, meu joelho avisa que o prazo de
validade está vencido e o ano está acabando. Vá 2017, já deu pra você!
Apesar de todas as mazelas relatadas acima, essa época provoca em mim
uma série de boas reflexões. A primeira delas é que a cidade precisa mudar de
astral. As prisões de políticos importantes, as notícias de corrupção, atraso
no pagamento dos servidores, policiais assassinados... Todos esses aspectos
jogam as energias da muito heroica e leal cidade lá embaixo.
Para piorar um pouco, pelo segundo ano seguido, a população ficou sem a
árvore da Lagoa. Havia quem reclamasse do trânsito nos arredores, mas a verdade
é que o símbolo natalino lembrava que estávamos no fim de mais um ciclo,
prestes a abrir de novo a pista de dança para mais um ano. Muitas famílias
vinham de longe, tiravam fotos e se divertiam no cartão postal.
A Paróquia São José, aquela igreja de vidro na Lagoa, guarda boas
recordações para mim. Meus dois filhos foram batizados lá, em dias muito
especiais. Como mostra a foto acima, quem passa pela paróquia São José se depara com uma árvore de Natal.
Ela pode não ser cheia de pirotecnias como a outra que ficava no meio do
espelho d’água, mas traz uma lição importante: sustentabilidade. Em vez da
imponência da árvore do tamanho de prédios, ela foi construída com garrafas
PET.
Obviamente, não farei o jogo do contente. Sei que não dá para compará-la
com a outra, se o quesito é tornar-se um cartão postal. No entanto, provoca
a reflexão: qual a árvore do seu Natal? A impessoalidade e o consumo fazem com
que pensemos em ter cada vez mais. A própria árvore que o “bancão” patrocinava
acabava sendo um pouco assim. A cada ano que passava ia batendo recordes de
altura e do número de lâmpadas. Minha mulher reclamava que durante o dia a
árvore parecia um “trambolhão”. Como é arquiteta, ela não se conformava com o
fato de não terem encontrado uma solução estética para isso. À luz do dia, a
árvore grandiosa era praticamente um andaime enfeitado.
O banco abandonou o espírito natalino e deixou de patrocinar a megaestrutura
de metal. Veio da paróquia São José o recado: o que vale é o congraçamento de
estar juntos e os símbolos de simplicidade e acolhimento que a árvore empresta a essa época do ano.
Este é o último fim de semana do festival Natal Sustentável promovido
pela paróquia. Há barraquinhas e cânticos natalinos. Tudo no melhor estilo de
uma “quermesse natalina”. Em vez da música mecânica e da parafernália
eletrônica teremos música ao vivo. No sábado, a partir das 8 da noite, o
padre Omar, que é pároco da igreja de São José e reitor do Santuário Cristo
Redentor, faz o show Natal in Samba. Padre Omar tem Um CD dedicado ao
ritmo que é patrimônio imaterial da carioquice.
O Rio precisa reagir, e o caminho da reação está na picardia da
carioquice. Está no convívio entre a mãe de santo, o padre e o pastor. A forma
de dar a volta por cima está no investimento que a gente faz para tolerar o
outro, mesmo que ele vote diferente, tenha outro time ou ame de um jeito
diverso ao nosso.
Quem sabe, ano que vem a Lagoa tenha de volta a árvore grande. Assim
todos poderiam ser atendidos, tanto dos que gostam do cartão postal,
como o de quem prefere um evento mais simples e acolhedor.
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Poucas vezes percebi uma inversão de expectativa como a da atual novela
das 21h. O que me faz constatar que a primeira fase demorou muito. Outra coisa,
esse negócio de primeira fase é chaaaato!
Percebi outras coisas:
Em alguns momentos a fotografia da novela lembra Velho Chico, mas a
escolha da música de abertura já mostra que a pegada é completamente diferente.
O blues da abertura mostra que em vez de poesia, vai começar um espetáculo cru.
O texto de Walcyr Carrasco às vezes exagera nisso. Num diálogo entre Estela, a
personagem com nanismo, e um de seus pretendentes a moça falou “meu coração não
é pequeno” ai, ai, ai.
A Clara e a Duda estão de franjinha na novela das 21h. Acho que os
cabeleireiros poderiam dar uma variada no penteado.
Talento não tem idade, Laura Cardoso, Fernanda Montenegro e Lima Duarte
em cena são um bálsamo para quem gosta de ver televisão. E está nascendo
uma estrela: Bianca Bin.
Toda vez que o Sérgio Guizé entra em cena, tenho que aumentar a TV.
Alguém precisa arrumar uma solução para isso. O Ator é bom, mas o jeito de
falar está muito esquisito.
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