Um policial à paisana reagiu a um assalto na Praia da
Reserva. Bandidos armados arrancaram seu cordão de ouro. O policial começou a
perseguir os assaltantes. Em fuga, os bandidos atiraram e a bala atingiu uma
estudante.
Larisse Isídio da Silva estava com o namorado. Por volta
das 9h20m ela e o namorado ouviram tiros. Quando a confusão passou, o rapaz
percebeu que a moça tinha sido atingida.
O policial à paisana que reagiu ao assalto teve a pior
atitude possível. Ele é um profissional da segurança pública, melhor do que
qualquer um, sabe de todos os riscos que a reação a um assalto pode resultar.
Segundo depoimento ao site G1, ele achou que a arma era
de brinquedo, pois estava descascada. Os tiros foram provocados por sua reação
ao assalto. E Larisse, uma menina cheia de sonhos, está num hospital gravemente
ferida.
O caso da estudante de 21 anos não sai da minha cabeça.
Sua juventude lhe torna um pouco filha da gente. Sou professor há 16 anos. Vejo
a batalha de muitas “Larisses” todos os dias. O brilho nos olhos de quem coloca
o sonho numa tela e tenta reproduzi-lo traço a traço na vida real.
Larisse é vítima numa história que começou com a
precariedade da segurança no estado. As praias são um dos pontos mais sensíveis
da cidade durante o verão. No entanto, a certeza da impunidade é tão grande,
que dois homens foram de moto à praia para assaltar, com a certeza que iriam
conseguir se safar. Larisse é vítima também numa trama que passa pela reação impulsiva
de um policial a um assalto, sabendo que aquilo poderia resultar num caso mais
grave, como de fato resultou. O policial, que foi vítima de um assalto,
arriscou a vida dele e a de dezenas de pessoas por um cordão de ouro. O individual
na frente do coletivo.
Nesse ponto, as tragédias das praias se encontram. O
atropelador da praia de Copacabana, Antonio de Almeida Anaquim, sofre de
epilepsia. Em um vídeo exibido pelo Fantástico, ele diz que não é assassino. O
homem explicou que teve um ataque no momento do acidente que matou um bebê de
oito meses e atropelou 15 pessoas. No entanto, Anaquim dirigia com a
habilitação cassada e omitiu sua doença na ficha do Detran-RJ.
O homem pediu perdão à família. Costumamos ser autoindulgentes
e minimizar nossos erros. No entanto, apesar de não ter a intenção de matar, o
fato de dirigir com a carteira cassada e não informar o problema de saúde o
fizeram arriscar sua vida e de outras pessoas. E qual foi o motivo? Anaquim foi
egoísta e, por isso, acabou com a vida de uma família. Sua omissão e egoísmo
provocaram a situação.
Diante disso, nos resta torcer para não estar no lugar errado
e na hora errada, como estavam as vítimas. Que a Larisse vença a batalha que
está enfrentando. E que a família do bebê e as outras vítimas de Copacabana possam
se recuperar da tragédia na praia.
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