Meu
amigo e mestre Giovanni Faria fez o caminho de Santiago de Compostela algumas
vezes. Ele me explicou que uma das primeiras lições do caminhante é sobre o que
se leva na mochila.
Se não
estou enganado a bagagem deve ser de 10% do próprio peso. Mais do que isso, a
jornada que é árdua, fica mais complicada.
Então,
a busca é para que você viva com o estritamente necessário naqueles dias em que
empreende a caminhada rumo ao âmago do seu pensamento.
Estamos
cada vez mais empanturrados de sapatos, calças e aparelhos eletrônicos. O
importante é ter. Uma amiga, assumidamente consumista, contou a reprimenda que
levou da mãe. Minha amiga enchia a filha de presentes. A sábia senhora lhe
puxou a orelha e disse: “você nem espera a sua filha desejar”.
Desta
forma passamos aos filhos nossa ideia de “bagagem em excesso”. Outro dia vi um
programa a em que uma celebridade abria o guarda-roupa e havia 77 calças e 102
pares de sapato.
E o que
é pior, não é necessário ser uma celebridade para ter números absurdamente altos
em seu guarda-roupa.
E nessa
toada, vamos de carro a todos os lugares e temos três blusas praticamente
iguais no armário. Acho que o pior sintoma desta síndrome é quando você se
depara com uma peça de roupa que nem lembrava ter adquirido.
As redes
sociais estimulam esse comportamento. Aqui não vai nenhum clichê sobre o
desapego. Mas vejamos você tem 400, 500 amigos no Facebook. No momento de
tomar aquele chopp, conversar sobre um problema, com quantos destes 500 você
pode mandar um “inbox” ou mesmo ligar e falar (essa coisa tão ”velha guarda”)?
Se você tiver sorte, 30 destes 500 são amigos desse tipo. Os outros 470 fazem
parte da sua rede, são integrantes do seu “networking”.
Você
pode acabar se decepcionando se quiser levar esses 470 na “mochila”. O
transporte deles pode deixar a jornada mais pesada.
Um dos
problemas que essa rede pode fazer para deixar a mala mais pesada é a mania de
dar opinião e criticar o que você pensa. Aqueles 30 farão isso para ajudar, os
outros 470 darão opiniões inconsequentes, pois afinal, você é apenas um peso a
mais na mochila deles.
Há um velho
filósofo, chamado São Ptolomeu. Ele tem um evangelho perdido e de vez em quando
saco alguns de seus pensamentos para nortear a minha caminhada.
Hoje me
despeço com uma das passagens de seu evangelho encontrado há 47 anos em Creta.
A frase é a seguinte: Sorrir, sorrio com muitos. Chorar, choro com
poucos.
Então
escolha o que você vai levar na bagagem. A jornada fica mais fácil se a gente
entender o peso que deve levar.
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