Ontem eu escrevi um pouco sobre Ben Bradlee, um dos grandes nomes do
jornalismo americano no século XX. Bradlee era o editor do Washington Post em
dois casos emblemáticos da política americana - Os papéis do Pentágono e
Watergate.
O diário entrou em confronto com a administração Nixon nos dois casos. E os jornalistas da
publicação sofreram retaliações, perderam credenciais da Casa Branca, entre
outras medidas.
Richard Nixon tinha um governo extremamente popular e atacava o Post
frequentemente. Bradlee insistia numa cruzada quase solitária contra o
esquema de Nixon. O governo tentava dizer que tudo era mentira e a população
via o caso como uma perda de tempo.
O papel da imprensa estava sendo questionado. Muito se falava que as
informações reveladas colocavam em risco a segurança nacional.
No entanto a descoberta dos grampos ilegais feitos por Richard Nixon virou
o jogo e o presidente foi obrigado a renunciar.
Ao ser indagado se a imprensa saíra desgastada do episódio, Ben Bradlee
disse uma frase que pode servir na aula inaugural de qualquer curso de
jornalismo: “a imprensa tem que cuidar do nosso negócio, que não é ser amado e
sim buscar a verdade”.
Para quem cursa a faculdade de jornalismo ou se interessa pelo tema, o
documentário O homem do jornal -a vida de Ben Bradlee é essencial.
O jornalista tem participação destacada em coberturas que mudaram os
rumos da profissão nos EUA e no mundo.
Ben Bradlee era amigo muito próximo de John Kennedy, o que lhe dava
acesso a muitas informações. Ele foi acusado de falta de ética
jornalística.
Na voz do próprio Bradlee, a proximidade com Kennedy o fez repensar os
conceitos de amigo e de repórter constantemente. O que realmente ele soube,
nunca saberemos. O problema que essa relação próxima com Kennedy o deu dores de
cabeça posteriores.
O filme The Post, mostra o quanto Ben Bradlee e a dona do Post, Katharine Graham, foram fundamentais para defender a
liberdade de imprensa.
O documentário o Homem do jornal resgata o momento novamente. No meio do
embate com executivos e advogados para publicar os papéis do Pentágono, Ben
Bradlee explicou sua intransigência num momento tão significativo. Ele disse
que não lutar para publicar os papéis do Pentágono deixaria o Post como
instrumento de qualquer governo, independentemente de quem ocupasse a cadeira
presidencial.
Uma coisa que me chamou atenção no documentário é a quantidade de
jornalistas que trabalhavam no jornal desde as décadas de 1960 e 1970.
Bradlee explicou que seu talento era enxergar uma boa história onde
muitos não viam nada.
Um dos editores ouvidos no documentário disse que Ben Bradlee perseguia
a história que provocaria a reação de espanto ou indignação na hora do café da
manhã dos americanos. Esse tipo de matéria tinha o apelido de “puta merda”.
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