A primavera das mulheres continua a render frutos
artísticos. Com seu enredo sobre a luta das mulheres negras, o Salgueiro vai
com muita força para a apuração. No entanto, mesmo com a relevância do tema e a
beleza do desfile, a escola vai sofrer críticas. O fato de a comissão de frente
ter homens representando mulheres negras pode se transformar numa “treta”
pós-desfile.
Com todo respeito à Beija-Flor, mas seu enredo sobre Frankstein para
falar de corrupção me lembrou aquela história: “de bucho cheio ninguém
reclama”. Em momentos de vacas gordas, a escola já fez enredo até sobre cavalo
manga-larga marchador. Com o caixa baixo, a escola resolveu reclamar.
Competente como sempre, a Beija-Flor vem com força para disputar o título, mas
seu protesto me pareceu de ocasião. Ah, mas e “Ratos e Urubus”? Isso já tem
quase 30 anos...
Para mim o Carnaval da Marquês de Sapucaí em 2018 terá como símbolo a
coragem da Paraíso do Tuiuti. A escola falou da desigualdade social, da
corrupção e criticou os rumos que o Brasil toma. Não foi escapista, foi direta.
O carro com o vampiro neoliberal representando Michel Temer deu nome e
sobrenome aos males que ameaçam trabalhadores. Assim como a representação da
escravidão disfarçada que atinge muitas pessoas. Vai ser campeã sem título, assim como outras escolas ao longo da história. Quem ganhar 2018 não vai ser tão lembrada quanto a escola de São Cristóvão. Outro fato engraçado foi a agremiação ter deixado a transmissão oficial da Rede Globo desnorteada. Ficou parecendo
a decisão entre Vasco e São Caetano, aquela em que o time de São Januário
entrou com a camisa patrocinada pelo SBT. Quem transmitia não sabia bem como
driblar o golpe visual. Durante 90 minutos a emissora de Silvio Santos teve
a marca exposta na TV Globo. Isso queimou pontes entre a Globo e a direção do Vasco.
Essa conversa é para um outro post que não vou escrever.
A Mangueira fez um grande carnaval. Também foi explícita. No entanto,
bater em Marcelo Crivella não é difícil. E o melhor marketing para a escola é
que o bispo “caiu na pilha” e decidiu reclamar dos protestos.
O prefeito não entendeu uma lei elementar das pilhérias escolares: acusar
o golpe é pior. Só para lembrar, 40 dias depois do entrudo momesco, tem a
Páscoa. A Mangueira lançou tendência. Marcelo Crivella pode ser um campeão de
audiência nos postes da cidade como um bonequinho de Judas.
Alguém tem que dizer a Marcelo Crivella a frase “me ajuda a te ajudar”.
Não dá para o prefeito sair da cidade no carnaval. E num vídeo patético dizer
que foi à Europa aproveitando essa “folguinha do carnaval". Marcelo Crivella
parece não ter entendido o lugar que governa.
“Folguinha de carnaval” tem o bancário, alguns comerciantes e
profissionais liberais. O prefeito do Rio não tem essa regalia, ele tem que
estar na cidade. A metáfora é batida, mas vale. O prefeito é o “síndico”. Bem,
Crivella pode ter se inspirado na assiduidade de Tim Maia, que faltava aos
shows e tinha o apelido de síndico.
Tim Maia fazia bem à alma, já o prefeito...
Nenhum comentário:
Postar um comentário