Ontem eu expliquei que entre 2000 e 2004 eu cobri os camarotes da
Marquês de Sapucaí. A lógica era seguinte: eu tinha pouca obrigação com as
entradas durante a transmissão. Os entrevistados do ambiente eram cereja do bolo.
A transmissão era sustentada pelos âncoras, comentaristas e repórteres na
concentração, posta e dispersão.
Saía da redação pautado da seguinte forma: celebridades eu fazia para a
Rádio Globo. Políticos eu oferecia para a CBN. Obviamente, essa regra não
era rígida. Com o tempo você aprende o que oferecer a cada emissora.
Ao descrever isso, os leitores então concluem. “Trabalhinho mole, só no
camarote”. Se eu era um complemento na transmissão, no dia seguinte “só dava eu”.
Fechava umas 7 ou 8 matérias por noite.
Repercutia crise de segurança, aumento de passagem, picuinha política,
possibilidades de aliança nas eleições. Algumas reportagens que rodariam no dia
seguinte para sustentar a programação. Enquanto o trabalho de todos se
concluía ao término do desfile, eu voltava à redação e fechava as matérias.
Mas acho que a pauta símbolo desse off-Sapucaí na Sapucaí aconteceu no
dia 11 de fevereiro de 2002. Quando estava saindo da redação para a Avenida,
chegou a informação que o deputado federal Nelson. Marchezan tinha morrido. Ele
era pai do atual prefeito de Porto Alegre Nelson Marchezan Júnior.
Marchezan fora presidente da Câmara e na época da eleição que elegeu
Tancredo Neves. Apesar de pertencer ao PDS, partido de Paulo Maluf, Marchezan
liderou um grupo de parlamentares da situação que preferiram se abster no
Colégio Eleitoral
Lá fui eu repercutir a morte do nobre deputado. O primeiro a me ajudar
foi o prefeito Cesar Maia. Os dois foram colegas na Câmara. Cesar fez um bom
resumo da carreira de Marchezan, então me ajudou. O problema é que a chefia
queria mais gente.
Eis que Ciro Gomes surgiu no camarote da Brahma acompanhado da sua
mulher na época Patrícia Pilar.
Foi perfeito entrevistei Patrícia Pilar para a Rádio Globo. Na época ela
se recuperava de um câncer. E entrevistei Ciro para a CBN sobre a repercussão da morte de Marchezan. Ainda
consegui que o Ancelmo Góis falasse de deputado morto.
O fato de ter que repercutir a morte de alguém durante o carnaval foi um
anticlímax e tanto. Para alguns entrevistados, eu avisei o ocorrido. Ninguém me disse que seria fácil esse tal de
jornalismo.
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