quinta-feira, 2 de maio de 2019

A liberdade está morta

A liberdade está morta. Ela foi assassinada pela segurança. Essa é uma linha de raciocínio análoga a de Nierzsche quando disse “Deus está morto”. O filósofo prussiano fez essa declaração quando concluiu que a modernidade estava provocando a troca dos dogmas. Em vez da crença em Deus, o homem passou a acreditar na infalibilidade da ciência. 

Os seres humanos trocaram de “Deus”. A liberdade não é mais a meta. O que se busca é a segurança. Ao assistir na TV programas como Balanço Geral ou Brasil Urgente, ou ouvirmos no rádio a Patrulha da Cidade, a narrativa construída é a de uma realidade violenta em que precisamos nos proteger. 

No mundo das redes sociais os aplicativos de alerta sobre tiroteios e assaltos só incrementam a construção dessa distopia da extrema violência nas grandes cidades. 

Nesse sentido, morre a liberdade, o medo está plantado em nossas consciências. E a morte da liberdade está diretamente ligada à necessidade de segurança. E cegos pela pregação dos apóstolos da segurança , não raciocinamos coisas simples. 

A seita da segurança defende a redução da maioridade penal, sem levar em conta que os casos em que menores são responsáveis pelos crimes são próximos a 1%. Defende-se a posse de arma, sem levar em consideração que a medida aumentaria as armas em circulação e desta forma mais mortes aconteceriam. E a conta não fecha, pois ao fim desta cerimônia macabra haverá muitos inocentes mortos. 

No culto da segurança, governador aparece fazendo pose com metralhadora em punho, parecendo mais um mercenário  tipo “Rambo”, do que um político que deve administrar um estado em situação pré-falimentar. 

Ainda abordando às falsas ideias de quando colocamos a segurança antes da liberdade, elegemos o Rio como a capital da violência, enquanto a cidade não está nem entre as 100 mais violentas do país. 

A liberdade está morta e a vitória cega da deusa segurança ocasionou 80 tiros num inocente, pois afinal, essa segurança pregada pelos apóstolos é uma deusa imperfeita. Não passa de uma santa com pés de barro, que criminaliza pobres e pretos. E cada vez mais se faz necessária a prece concebida há mais de 100 anos e reescrita na avenida Marquês de Sapucaí há 30: Liberdade, Liberdade, abra as asas sobre nós. E que voz da igualdade, seja sempre a nossa voz. 

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