quinta-feira, 23 de maio de 2019

Ecos de um fracasso

Fracassos são como acidentes aéreos. Nunca há uma só causa. É sempre uma conjunção de fatores. O fracasso tende a imprimir sua chaga no último que colocou as mãos no malfadado projeto. 

No entanto, entrar depois não isenta os últimos pelos problemas criados a partir de seu ingresso na empreitada. Fracassos podem ser precipitados. Em lugar algum há soluções mágicas. É necessário ouvir, descobrir a opinião de quem tentava “domar o touro” anteriormente. O fracasso anda de mãos dadas com a arrogância. 

Cada período de tempo tem uma especificidade sócio-cultural. Uma medida que deu certo há algum tempo, hoje pode ser a fórmula que deixará a galinha dos ovos de ouro a 7 palmos debaixo da terra sem enterro digno. Fracasso sempre mata algo na gente. 

Lembrei de uma história que assisti num filme. O cachorro carregava um osso. Ao olhar sua imagem refletida no rio, quis tomar o osso do seu “eu” refletido. Vitima da ilusão, latiu e perdeu o osso, o fracasso começa num olhar iludido para o espelho. 

O som de uma gargalhada, o tapinha amistoso nas costas e o elogio a uma ideia pouco ortodoxa podem esconder apenas intenções arrivistas. O comando talvez seja nas posições de uma guerra aquela que guarda o maior contingente de solidão. A solidão faz com que apenas a nossa própria voz seja ouvida. O fracasso é a audição de um grito que ecoou de forma errada. 

Uma vez ouvi a história de um homem que tinha uma loja de brinquedos. Ao participar de um leilão de peças apreendidas na alfândega, comprou mais de 100 caixões, pensando se tratar de bambolês. Ao perceber o engano, disse que mudaria de negócio. Não sei que fim levou o personagem, mas sei que para a fortuna acompanha-lo deveria entender do mundo funerário. Pois se continuasse a entender apenas de bambolês, seu comércio acabaria num caixão. O fracasso é achar que o marketing vai resolver a diferença entre  vender urnas funerárias e bambolês. 

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