domingo, 12 de maio de 2019

Às mães, mas acima de tudo, às mulheres

Completei uma maioridade sem minha mãe por perto fisicamente. São 18 anos em que ela virou saudade. No campo dos sonhos, ela está presente. Converso muito com ela, na verdade falo mais do que escuto. Há 18 anos não ouço a voz da minha mãe. Diferentemente de nossos dias, em 2001, gravações de vídeos não estavam ao alcance do celular, pelo menos do meu. Tudo que guardo dela está em fotos e sítios afetivos da minha alma. 

Então, a partir de determinada idade tive que enfrentar o mundo com o que acumulei em quase 30 anos de convivência com a minha mãe. A relação que estabeleci com ela é única. Assim como foram únicas as relações que meus 7 irmãos estabeleceram com ela. 

A minha foi dependência na infância, tempestuosa na adolescência, cumplicidade no começo da vida adulta e inversão de papéis na reta final. Talvez, variando um pouco no período de duração, muitos dos que leem esse texto tenham experiências semelhantes com suas mães. 

Mas vivemos momentos de transformação. A maternidade no noss mundo não ocupa mais o inquestionável lugar que por séculos foi seu. Tudo está sendo problematizado, inclusive limitar a mulher a um papel preponderante de “gerar para os maridos os novos filhos de Atenas”, como cantava Chico Buarque. 

Mas não tenho essa experiência com as maternidades à minha volta. As mães que estão no meu círculo mais restrito são mães-raiz. Se orgulham e enchem o saco dos filhos. Vivem por eles e são leoas atentas aos que pode acontecer às crias. Falo por minha mulher, com quem divido a aventura de formar dois adolescentes, assim como algumas amigas que têm a maternidade como parte central da vida. A diferença delas para as mães é que esse papel não é exclusivo, tocam suas vidas profissionais e relações pessoais concomitantemente à realidade de serem mães. 

Às mulheres que levam a experiência clássica de ser mãe adiante, um tradicional parabéns. Vocês merecem tudo de bom, pois é muitas vezes doloroso e incerto ter filhos. O mais importante é que as mulheres sejam respeitadas. Tendo elas escolhido ser mães bilologicas, adotivas ou simplesmente não ser mãe. A maternidade deve ser acima de tudo uma escolha e não imposição. 

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