quinta-feira, 14 de março de 2019

A cultura das armas e as perguntas sem resposta

Uma querida amiga foi a uma loja de departamentos famosa. Ela precisava resolver algumas coisas e se deparou com a mesa do gerente vazia, mas a tela do computador exibia a página que ele consultava. Era um site que mostrava pistolas de ar comprimido. 

Entrei na página do fabricante e li as explicações. As armas são cópias fidedignas das originais e além de tiro esportivo, elas podem ser usadas para a segurança patrimonial. A semelhança com as armas de fogo serve para intimidar as pessoas. 

E a cultura da violência que começa com arminhas feitas com o polegar e o indicador das mãos do primeiro mandatário, passa pelas pistolas de ar comprimido que o gerente da loja de departamentos quer comprar e acaba numa escola em Suzano, com 10 pessoas mortas. 

Não há outra finalidade numa arma que não seja matar. E a declaração do senador Major Olímpio, líder do PSL, de que se os professores tivessem armas as tragédias não aconteceriam é estreita e diametralmente oposta ao ofício de lecionar. Professores abrem as mentes incentivando a leitura, não com pistolas no coldre. 

No entanto, mais chocante do que a fala do senador paulista são os comentários nos fóruns da internet louvando a ação de Guilherme Monteiro e Luiz Henrique de Castro. A polícia tem que atuar fortemente contra esses grupos que propagam ódio na rede. Inventar uma forma eficaz de rastrear esses sites na deep Web. O tal grupo Dagolachan é ultradireitista e machista.  O fórum se propunha a ser um lugar para degradar mulheres. Mas pode ser também responsável por incitar crimes e massacres. 

A pergunta que fazemos estupefatos é: onde essa sociedade que banaliza a vida pode parar? Qual a responsabilidade dos pais? Como conseguir acompanhar uma geração exposta a todo tipo de informação que em muitas vezes não tem maturidade para essa exposição?

Enquanto incentivamos a cultura da arma, procurando pistolas de ar comprimido que simulem armas de fogo, querendo colocar nas mãos de professores revólveres e dando aos nossos filhos videogames que incitam a violência, as famílias de Suzano choram perplexas e as autoridades ficam atônitas. Quantas famílias mais vão chorar?


Nenhum comentário:

Postar um comentário