domingo, 17 de fevereiro de 2019

Encontros e desencontros

Olhando pela janela, vi dois meninos brincando num balanço. No começo o movimento era desencontrado. Os dois só se cruzavam no centro da trajetória, pois enquanto um vinha o outro ia. 

O que estava à direita começou a ajeitar o balançar para ficar sincronizado com o companheiro. Por alguns segundo eles balançaram uniformemente. Iam e voltavam ao mesmo tempo, num movimento simétrico. Parecia uma bailado insistentemente ensaiado. 

O da direita, que antes ajustara o seu movimento, começou a balançar mais fortemente e então, ganhou mais altura. O da esquerda ficou para trás. Então, como se cansado de balançar e esperar o outro,  o menino da direita se soltou, caiu em pé e foi procurar outro brinquedo. 

O segundo menino ficou se balançando por mais um tempo. Tentou se lançar como o outro, mas não soltou as mãos da corrente do balanço. Resultado: caiu sentado no chão de terra do parquinho. Levantou-se, catou o resto de dignidade e foi atrás do outro menino. 

Eles saíram do meu campo de visão. Não sei se essa história teve outros desdobramentos. Não sei se eles já se conheciam ou se foi um relacionamento começado ali. 

Com um pouco de conversa e cooperação, os dois conseguiram por breves momentos uma sincronia perfeita no que faziam. Depois um deles se cansou. Se lançou ao desconhecido e conseguiu continuar. O outro perdeu o tempo da aventura. Quando quis se lançar ficou hesitante e se machucou. 

Os dois meninos vão continuar com as brincadeiras. Talvez juntos, talvez nunca mais balancem lado a lado. Talvez eles nunca mais consigam a sincronia com alguém como conseguiram naqueles poucos segundos. 

A gente tem que aceitar o fato que na maioria das vezes o balançar é desencontrado. No entanto, não dá para desistir da busca pela sincronia. Quando acontece, a gente tem que aproveitar porque pode ser por pouco tempo. Não depende só de um, os dois têm que querer. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário