quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Armar as pessoas aumenta o cheiro de enxofre

Ouvi uma história contada pelo meu sogro que me deixou impressionado. Um amigo dele foi pegar a própria pistola e matou a mãe. Uma tragédia da qual a família nunca mais se recuperou. E olha que por motivos profissionais, o homem sabia lidar com armas. 

É matemática. Se aumentamos o número de armas circulando, aumentaremos o número de pessoas mortas e feridas. E a nova ordem quer fazer crer que a partir de agora, esse número de mortes só vai crescer entre os “vilões”. No entanto não há argumento que sustente por 5 minutos esse sofisma. Na minha casa não entrarão armas, o problema é que isso não deixa a mim e a minha família mais seguros. 

Com certo atraso, vi no Netflix o filme Uma Noite de 12 anos. É o relato da prisão de oposicionistas à ditadora uruguaia, que pertenciam ao Tupamaros. Dentre os presos está o homem que iria se tornar presidente do nosso vizinho, José Mojica. 

Se você acha engraçadinho andar com a camiseta do Coronel Ustra, você precisa ver urgentemente o filme. A obra é um exemplo do que pode dar abrir as portas do inferno. 

O cheiro de enxofre só aumenta quando o Governo do Estado censura uma performance artística. Ou quando descobrimos que Olavo de Carvalho espalhou seus tentáculos no Ministério da Educação. 

Queiroz dançando no hospital é a prova de que votar em Bolsonaro por querer algo novo era pouca visão ou desculpa. Uma vergonha o filho senador não explicar o que aconteceu. O mesmo vale para a filha do Queiroz. As aparências indicam que ela era funcionária fantasma. O que fica evidente é que não há como se explicar sem quebrar os pés de barro da santidade do clã bolsonarista. Eles são iguais aos que criticaram durante a campanha. 

A temperatura dos oceanos subiu, o que faz a nova ordem: ameaça sair do acordo do clima e o Ministério do Meio Ambiente suspende convênios com ONGs. Separar o joio do trigo seria a solução responsável sem paralisar os trabalhos. No entanto, a nova ordem continua com sua sanha de cumprir a agenda fundamentalista e rasa. 

Armar a população é desenhar um alvo na testa dos opositores. Problemas na reunião de condomínio com o vizinho chato serão resolvidos na bala. Fechadas no trânsito, também. Ou alguém acredita firmemente na fiscalização para diferenciar “porte” e “posse” de arma. 

O decreto da bala só visa a morte. Armas servem pra matar, não há nada diferente disso. E essa nova ordem com um discurso de valorização da família e da vida vai manchar as mãos com o sangue das mulheres mortas por seu companheiros violentos e dos cidadãos mortos após discussões no trânsito ou na padaria. Que Deus defenda a mim e aos que amo. O Deus que eu acredito mandou o filho expulsar os vendilhões do templo. Aliás, esse filho, entre outras coisas,  impediu o apedrejamento de uma mulher. 


Amar e armar são incompatíveis. Só se assemelham por serem verbos de primeira conjugação. Mas é difícil construir uma frase em que eles não representem ideias contrárias. 

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