quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Não comemore Hoje é o Jean Wyllys, amanhã pode ser você

O nome do cargo é presidente da República. Logo, em última instância, o cidadão eleito para ocupar é o responsável pela segurança e o bem estar de quem o elegeu e de quem não votou nele. Por isso é república, se fosse para ser particular, ele deveria presidir um clube, ou ser síndico de um condomínio. 

Os tuítes de Jair Bolsonaro comemorando o auto-exílio do deputado Jean Wyllys envergonham o cargo para o qual ele foi eleito. Ele é o presidente do país, logo, responsável pela segurança e bem estar do deputado da oposição. 

Bolsonaro emprega a filosofia de extermínio dos adversários. Já demonstrou isso quando afirmou que iria “metralhar a petralhada”, ou ainda quando falou sobre a vontade que os opositores deixassem o país. 

Não se pode acusar o presidente eleito de incoerência. Afinal, ele deu todos os sinais de que faria isso. Diziam que ele era despreparado, os seis minutos em Davos nos quais não conseguiu aprofundar nada foram uma prova de despreparo e um mico internacional. Com a oportunidade de falar com a mídia do mundo inteiro mostrou o raciocínio estreito de fugir das perguntas. Arrumou um emprego fantasma para o filho. E só sabe Deus como são suas relações com o assessor-tóxico ico Fabricio Queiroz. 

Concorde-se ou não com a agenda política de Jean Wyllys, é estarrecedor que um deputado democraticamente eleito não se sinta seguro de permanecer no país. Ficar e se tornar mártir era uma possibilidade. O assassinato de Marielle Franco, há 10 meses sem solução, mostra o que poderia acontecer com o parlamentar do PSOL. 

Vivemos um tempo de brinde à intolerância. Escrevo este blog, mas o medo começa a pairar em minhas postagens. Lembrei das luvas no porta-luvas que “alguém de unhas negras e tão afiadas esqueceu de por”. 

O “alguém” cinicamente ocupa o cargo mais alto da nação. Um sorriso sádico, imitando com as mãos ter uma pistola pronta a aniquilar os que pensam diferente. 

Em vez de comemorar, o presidente deveria determinar que a polícia federal investigasse os focos de ameaças ao deputado. Pois quando se ameaça um parlamentar eleito, ameaça-se as instituições. As mesmas que o ministro da Justiça garante estarem funcionando. 


O auto-exilio de Jean Wyllys, a laranjada do Queiroz, o decreto atravancando o direito à informação indicam que mergulhamos em um mar de lodo. Que a oposição permaneça tendo direito de ser oposição e não acabe numa casa da morte, ou abatida num latrocínio inexplicado.

2 comentários:



  1. Soares Júnior, gosto de seus posicionamentos - mesmo sem concordar com alguns deles.

    De fato, é grave e preocupante que um deputado tenha de sair do país por medo de ameaças. Mas é gravíssimo, também, um candidato sofrer uma atentado a faca. Três perguntas sem resposta:

    1) Quem está ameaçando o Jean Willys?

    2) Quem mandou dar uma facada do Jair Bolsonaro?

    3) Quem matou Marielle e Anderson?


    As respostas ultrapassam o fato meramente político. São consequência da nossa imperfeição humana. Somos seres [ainda] apegados a viciações mundanas e, enquanto não mudarmos a nós mesmos, o mundo não muda.

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    1. Raimundo, muito obrigado pela sua leitura. De fato, quanto mais tempo a pf demorar a se pronunciar sobre o Adélio, maiores a especulação. A democracia pede a solução dessa investigação. O Jean deu uma entrevista e mostrou algumas das ameaças. Gostaria de destacar que fico muito feliz com discordâncias respeitosas. Ainda mais porque o contraditório é vital para a democracia. Continue lendo e no que discordar, por favor, sinta-se à vontade. Abs

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