terça-feira, 10 de julho de 2018

Os meninos da Tailândia e as nossas esperanças

Bilhões de pessoas voltaram seus olhos para a Tailândia. Claro que nada surpreende quando se trata de comportamento humano, no entanto, é impossível ter ficado indiferente ao drama do professor e dos 12 alunos presos na caverna. 

Meu primeiro pesadelo foi o meio egotista. Coloquei-me não lugar deles. Lembrei de uma vez que não consegui entrar numa mina desativada em Ouro Preto. Andei poucos metros e tive que recuar. Quando isso aconteceu eu tinha mais de 40 anos. Chego à conclusão que nunca terei a coragem destes 13 sobreviventes. Logo, se estivesse lá, não conseguiria sair, fato. 

Depois veio a agonia de pensar em meus filhos em tal situação. Se até agora louvei a coragem dos presos, me confraternizo com os pais. Meus filhos têm idades próximas dos garotos. Não parava de pensar na sensação de impotência que os pais deles viveram nas últimas semanas. 

Alguns com muita fé diriam que havia um décimo quarto ente naquela caverna. Um ente que manteve elevada a moral dos meninos e do professor. Uns vão dizer que foi Deus, outros que foram as boas energias. Eu acho que pode ser um pouco de tudo, mas o engenho humano tanto pode ser perverso, quanto maravilhoso, como foi no resgate. 

Os responsáveis pela operação calcularam o risco, encontraram literalmente uma saída, em meio às rochas, lama e toda a dificuldade. 

Esses meninos viveram a aventura de suas vidas. Só sendo adolescente, com a certeza da imortalidade viva no peito, para encarar um mergulho rumo ao desconhecido com a incerteza que vai voltar a ver a luz do dia. 

Nos mobilizamos emocionalmente com esta história porque havia um pouco de nossos filhos, representados pelos meninos, havia um pouco de nossos pais, na figura do professor. 

Mergulhadores voluntários, a marinha da Tailândia e a resiliência das pessoas dentro da caverna foram fundamentais pra que as lágrimas fossem de alegria ao fim da jornada. 

Uma experiência de solidariedade tão poderosa que até o grande vilão da sociedade ocidental, Donald Trump, aplaudiu o desenlace. 

Às vezes estamos em cavernas profundas e sem expectativa. O final feliz da história dos meninos e do professor na Tailândia mostra que pode haver uma saída e um final feliz para nossos dramas. 

Eles se salvaram da tragédia, mas podem também ter salvado um pouco da nossa esperança. O meteoro não precisa vir destruir o planeta, como alguns brincam, ainda temos boas experiências para compartilhar. Um mais um é sempre mais que dois, como diz a canção. Neste caso, 90 mergulhadores foram instrumentos de bilhões de pessoas para que os meninos e o professor voltassem ao convívio de suas famílias. 


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