sexta-feira, 6 de julho de 2018

Em 2022 tem outra, mas perder sempre é duro

Eu sempre brinco como meu filho Pedro que o próximo título do Brasil será em 2026, quando ele tiver 23 anos. A brincadeira é porque ele nasceu um ano depois do Penta, situação similar à minha, que nasci um ano depois do Tri e só vi o primeiro título em 94. 

Não vimos o jogo juntos, mas logo depois eu quis saber se ele estava muito triste. Maduramente, me respondeu: “não, apenas decepcionado. Nossa sina continua”. 

Acompanho Copas conscientemente desde 1982, são 10 mundiais, nos quais o Brasil foi a três finais e ganhou duas. Logo, é mais normal perder do que ganhar. Mesmo assim, sempre é duro. 

Achei que esse ano, por diversos  motivos, encararia com mais tranquilidade um fracasso na Copa. Nada. Apelei para todas as mandingas, estendi bandeira, coloquei camisa da sorte, fiz a necessária variação dos narradores, tudo que estava ao meu alcance. 

Não foi possível, a Bélgica cumpriu o que se determinou a fazer. Esperar o Brasil e matar o jogo no contra-ataque. Meu amigo Claudio Henrique, me disse que faltou ao Tite a sensibilidade de escalar jogadores com espírito de Copa. Minha mulher, também reclamou: “se Fernandinho não tinha condições de continuar em campo depois da falha, o Tite tinha que ter feito algo”. 

Na verdade, vencer esse mundial seria um acidente. O que acontece com os cartolas da CBF é absurdo. Obviamente, isso entraria em campo alguma forma. A CBF não tem representatividade. Se tivesse, poderia ter sido marcado um pênalti num lance duvidoso em cima de Neymar. 

Honestamente, passada a emoção, fico muito dividido. Essa corja imunda que comanda a CBF há mais de 30 anos não merecia ter o trabalho coroado com um título. Tite fez um milagre, armou um bom time. Mas não é Deus, como o banco patrocinador dele quer fazer crer. Erra. Insistiu com Jesus e Fernandinho mais do que devia. Coutinho apagou-se no momento decisivo. Neymar, a estrela da companhia, não fez o que se esperava, mas não se escondeu. Não pode ter toda a conta do fracasso em seu nome. Minha mulher, que está se saindo uma grande comentarista, me disse também que Neymar não tem estofo para carregar a seleção. O que me fez pensar que Neymar, apesar do imenso talento, não é o que se classifica na NBA como “jogador da franquia”.

Minha filha Clara repetiu o ritual, viu o jogo com o avô. Ao fim, disse que estava muito triste e chateada. Eu respondi “em 2022 tem outra Copa”. Falei como se quisesse me ouvir e me conformar. 

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