segunda-feira, 15 de julho de 2019

Djokovic, Federer, Nadal e as reformas

Novak Djokovic e Roger Federer fizeram uma partida memorável na final do Torneio de Wimbledon. O sérvio ganhou por 3 a 2, com a última parcial sendo vencida pelo inacreditável placar de 13 a 12. Foi épico! As quase 5 horas de jogo entraram para a história como os duelos de Borg e McEnroe, Becker e Lendl e Agassi e Sampras. 

O que diferencia Djokovic e Federer, e aí é obrigatório incluir Rafael Nadal é a longevidade da supremacia. Há 15 anos os três dominam o circuito levando a esmagadora maioria dos torneios de Grand Slam (Austrália, França, Inglaterra e Estados Unidos). 

Isso se deve à incrível qualidade técnica que eles carregam, aliada a uma enorme melhora na preparação física dos atletas de alta performance. Não há sinais de que o reinado dos três possa acabar pelos próximos três anos, pelo menos. 

Enquanto eles estiverem bem, vão continuar jogando. As premiações são milionárias. Logo, eles devem aproveitar para ganhar o máximo financeiramente e acumular as realizações esportivas. 

Isso pode trazer algum problema para o tênis? A olho nu, parece difícil. Todos celebram a oportunidade de ver Federer, Nadal e Djokovic em ação ao mesmo tempo. Mas e a necessária renovação do esporte? Como fica a formação de novos ídolos? Todo esse processo fica paralisado, pois os holofotes estão nos três mega-astros. 

Agora peço licença para jogar o foco na Reforma da Previdência aprovada na Câmara dos Deputados. O texto vencedor eleva a idade mínima para à aposentadoria  das mulheres para 62 anos e a dos homens para 65. 

Desta forma, os trabalhadores, teoricamente, vão ficar mais tempo nas empresas. Como as vagas de trabalho não se abrirão magicamente, os jovens que saem das universidades não vão ter onde trabalhar, pois suas vagas ainda estarão preenchidas por aqueles mais velhos que se aposentarão mais tarde. 

Mas calma, isso acontece teoricamente. Pois, esse cidadão ou cidadã dificilmente chegará aos 65 ou 62 anos empregado,, já que aos 50, ele já terá sido dispensado. O de 20, ainda inexperiente, não será necessariamente o “tomador” desta vaga. 

A Reforma da Previdência tão vangloriada se torna cruel ao não facilitar a entrada do jovem no mercado porque não há lugar para eles. Aliada à Reforma Trabalhista do Governo Temer, faz com que os funcionários mais velhos, e geralmente mais “caros” sejam dispensados. 

O que fizeram as duas reformas? Ampliaram o que se chama na economia de “exército de mão de obra de reserva”. Quem ganha com a precariedade das relações de trabalho? Certamente não é você que trabalha mais de 5 meses por ano para pagar impostos. 

Federer, Nadal e Djokovic não têm nada com isso. Seus contratos e premiações são milionários. Os outros tenistas ficam com as migalhas, que no caso do tênis são lautas refeições. Os deputados que aprovaram as mudanças também não vão ser muito atingidos. Procurem saber como são seus regimes de aposentadoria. Os três tenistas ralaram muito para conseguir suas glórias. Mas você, pode continuar a ralar bastante, pois com essa reforma, a glória a ser encontrada é uma lata de leite ou uma estação do metrô do Rio. 

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