domingo, 21 de julho de 2019

Mudança da Rádio Globo

Tinha decidido não escrever mais sobre a Rádio Globo. Há alguns que não entendem o que escrevo. Estou envolvido com rádio desde 1997. Além de trabalhar no veículo, estudo rádio academicamente, então, me sinto perfeitamente apto a opinar. Em 2017, demorei seis meses após sair da rádio para escrever o primeiro texto. Apesar de estar na emissora na época da radical mudança de programação, pouco ou nada tive de participação no projeto. Mas eu estava na empresa e, por isso, algumas pessoas, que mesmo trabalhando lá eram desinformadas, quiseram desqualificar o que escrevi. Para que fique claro, eu entendia e continuo entendendo a necessidade da emissora mudar. Prejuízos grandes e audiência abaixo do esperado pediam alterações de rota. Discordo do que foi ao ar. Na forma, mas não no mérito. Mais uma coisa, os últimos seis meses que passei na Rua do Russel (janeiro-junho de 2017) foram para cuidar da morte da velha emissora e eventualmente ajudar em algo que estava sendo planejado, como executor, não como mentor. Feito esse esclarecimento, decidi escrever sobre o produto que entrou no ar na segunda-feira dia 15 de julho. 

Para começar, a Rádio Globo voltou a ser popular. Isso não é pouca coisa. Depois de dois anos em que a emissora fez uma opção por privilegiar artistas televisivos e seus “celebrismos”, além forçar uma aproximação com TV Globo, chegou a hora de voltar a fazer rádio. Naqueles tempos, números de seguidores nas rede sociais eram mais relevantes do que talento para fazer rádio. 

A nova programação da Rádio Globo merece elogio por não ter a pretensão de inventar a roda. A opção artística foi fazer uma rádio popular jovem. Isso acaba por resgatar um pouco o espírito da velha 98 FM, aquela que o slogan era “É só sucesso”. Talvez, mais do que a 98, a Beat esteja sendo relembrada. A rádio está entregue a radialistas. Você pode questionar se gosta ou não da programação, mas o que está sendo transmitido é uma programação radiofônica. A Globo está investindo pesado em promoção para reforçar o nome e o novo estilo. Vinhetas bem feitas, ágeis, que se comunicam com público que quer atingir. Uma pena que o Pop Bola não tenha continuado. Tem tudo a ver com o público que quer a nova rádio. Num período de controle de custos, é provável que tenha faltado dinheiro para manter a trupe. O Pop Bola está no YouTube e tomara que dentro em breve esteja em outra emissora. 

Como nem tudo é flor, a opção da Rádio Globo foi correr num segmento “engarrafado”. A FM O Dia há mais de 20 anos lidera dentre as emissoras musicais populares. A Mix já está estabelecida. Para mostrar o tamanho do desafio, houve  as tentativas da Fanática e da Rio, mas estas ficaram pouco tempo no ar. 

Faço um destaque para o morning show No Ar, com Zeca Lima e Vanessa Riche. O programa está bem entregue. Aos poucos eles vão encontrar os personagens que cada um vai representar na atração. Gostei do slogan “A rádio que vibra com você”. Mostra que a rádio “orelha” ficou para trás. 

Acredito que marcas têm DNA. Nesse sentido, para quebrar qualquer comparação com o passado, a emissora deveria ter mudado de nome. Se chamar Globo é enorme para o bem e para o mal. O desafio será atrair anunciantes e quebrar a cadeia “genética” da antiga emissora na cabeça das agências e do mercado como um todo. 

A emissora que esteve no ar entre julho de  2017 e junho de 2019 não teve apenas erros. Carolina Morand no Café das 6, Otaviano Costa, Fernanda Gentil, Vanessa Riche e Marcos Veras eram ótimos.

Uma coisa é evidente: a Rádio Globo que cresci ouvindo, responsável pela minha formação pessoal e profissional não existe mais. A emissora não pertence mais ao segmento talk, agora ela é musical. Não adianta brigar contra isso. Aquela Rádio Globo está espalhada por aí, com Antônio Carlos e Alexandre Ferreira, na Tupi, com Roberto Canazio na Paradiso, com David Rangel em Friburgo, por exemplo. Ah, claro, na lembrança dos ouvintes. 

Se o novo projeto vai dar certo, trazendo faturamento e audiência, só o tempo dirá. 

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