terça-feira, 16 de julho de 2019

Para meu amigo Fausto, que é poeta, e para todos os meus poetas amigos

Tenho inveja dos poetas.  Da concisão e da precisão. De conseguir tanto expressar em poucas palavras. Tenho inveja das rimas ricas, tenho inveja das rimas pobres. 

Tenho inveja de quem faz sonetos, de quem entende os decassílabos. As poesias são canções em que a melodia está implícita, audível apenas na alma. E aí, chamo atenção para outra inveja. 

Tenho inveja dos compositores. De quem toca violão, guitarra, piano, bateria, saxofone e berimbau. 

Tenho inveja de quem emula o som das ondas quebrando na areia, do bater de asas e do canto dos pássaros. De quem usa o vento como matéria prima de um solfejo que vai virar melodia. A música é um poema em que as palavras nascem do atrito do dedo numa corda de aço. 

Minha maior inveja é do poeta compositor. Tenho inveja de quem usa o violão para escrever e a caneta para tocar. Acho que esses caras são os que estão mais perto do divino, mesmo que para eles esse divino seja apenas o mais humano de nós. 

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