quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Amigos abastecem a alma

Esse é o 367º texto deste blog. Durante algum tempo mantive uma frequência diária nas publicações. Atualmente, existe alguma irregularidade, talvez para seguir as batidas do meu coração. O nariz de cera das primeiras frases é para explicar que em 367 textos, é impossível não haver repetições. 

Na vida a gente vai conhecendo pessoas e aprendendo. Esse aprendizado é como se fosse a água que enche a represa. Esse reservatório abastece a alma, por suposto. No entanto, se bem me lembro das aulas de hidráulica no Cefet, existe um cano chamado “ladrão”. Esse tubo serve para que o nível da represa não transborde. 

Neste ano, as divergências eleitorais serviram de “ladrão”. Até água, quando demais, afoga, inunda e mata. Água tóxica também é prejudicial. O botão de “bloqueio” nas redes sociais serviu de filtro para evitar contaminação da represa, no caso, nossa alma. 

Diferentemente de uma represa, que de tempos em tempos a água é totalmente renovada, na vida há “gotas” fundamentais que garantem ao longo da jornada o PH da vida. 

Essas “gotas” são famílias, amigos e mestres. Se você reparar bem, a partir de uma determinada idade, essas amizades fundamentais não entram mais na represa. No entanto há casos especiais. Amigos que “furam” essa barreira que o ceticismo, o cinismo e o tempo impõem ao ciclo de amizades. 

Tive sorte, conquistei algumas “gotas fundamentais” depois de adulto. Minha mulher define a pessoa a quem vou me referir agora como “seu amigo de adolescência conquistado na vida adulta”. 

Esse amigo faz aniversário hoje. Ele se chama Alexandre Caroli. Poderia me lembrar de inúmeras passagens com ele ao longo dos últimos 20 anos. Vou destacar três. Teve a vez em que ele entrou comigo no carro e disse: “vamos lá. Vou pegar uma carona com você para ver como você está dirigindo”. Eu tinha tirado a carteira há pouco menos de um mês. Fora minha mulher, ele foi a primeira pessoa a se arriscar no banco do carona. Como é inerente a essas ocasiões, levou vários sustos. 

Assisti com ele a final da Mercosul de 2000. Aliás, a final aconteceu em 20 de dezembro. Aquele jogo mágico em que o Vasco virou pra cima do Palmeiras. No primeiro tempo me deliciei com os 3 a 0 do Verdão. No segundo, foi aquele milagre operado por Romário e Juninho Paulista. Ele vibrava quase irracionalmente com a vitória. Uma das crenas Inesquecíveis foi vê-lo esticar a camisa polo azul e, como se estivesse comemorando um gol, gritar : “Isso aqui é Vasco”!

Por último, vou falar de uma cena mais séria. No dia 8 de maio estava saindo da sala de cirurgia. Tinha acabado de fazer um cateterismo. Quando entrei no quarto, o primeiro rosto familiar foi o da minha mulher, companheira de todas as horas. Mas o segundo foi o do Caroli. Assim que ele soube, correu para o hospital. 

Hoje a gente é comparsa num podcast e poderá haver muito mais projetos por aí. Parabéns, irmão. Tudo do melhor. Você merece  

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