sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

João de Deus e a cultura do estupro

A filha do médium João de Deus revelou que foi abusada dos 10 aos 14 anos. São mais de 200 mulheres com acusações de abuso a ele. Depoimentos contundentes, em que ficam evidentes o quão vil e baixo João é há décadas. 

A sociedade tem que parar de nutrir a cultura do estupro. O comportamento de culpar a vítima recorre a pergunta: porque a primeira mulher abusada não denunciou? A resposta está na pergunta. Porque ninguém acreditaria. Foi necessário que varias delas tomassem coragem para revelar que o médium é na verdade um abusador da pior espécie. 

Por certo, os fatos denunciados provocam  repulsa, tristeza e uma sensação que não há reparação possível. No entanto, a ferida aberta pode piorar. Uma passeata organizado por seguidores de João de Deus prestou solidariedade ao médium. Dentre os manifestantes estavam os donos de pousada de Abadiândia. Ou seja, em nome dos negócios, os donos de pousada se solidarizam com um personagem responsável por mais de 200 abusos contra mulheres, dentre as quais, sua filha! Minha filha, com a militância inerente aos nossos tempos, já aos 13 anos, emendou: “que ódio, ridículo”. 

O que fizeram esses manifestantes foi tornarem-se cúmplices nos crimes de João de Deus. Esse monstra tem que ir para a cadeia e pagar pelo mal que causou a essas mulheres. A punição tem que ser exemplar. 

E o cinismo do “médium” é atroz. Pediu que agora seja filmado durante as consultas para mostrar que não comete abusos. João de Deus, neste momento, a contribuição que você pode dar ao mundo é ir para a cadeia. 

Se a justiça não tomar providências, João de Deus vai escapar. É rico, poderoso e influente. Provavelmente, aos 76 anos, sabe que o encarceramento o aproximaria definitivamente do fim. Um homem, que se julga acima do bem e do mal, a ponto de abusar de mais de 200 mulheres, não vai passar seus últimos dias na cadeia. 

No entanto, talvez João de Deus não tenha com o que se preocupar. A cultura do estupro é leniente com os criminosos. Roger Abdelmassih está em prisão domiciliar. Depois de ter estuprado pacientes por décadas. 


Está nas mãos do judiciário, mostrar o quão grave ele considera o crime de estupro. Se as denunciantes são “histéricas e mentirosas”, ou se o estuprador é o mais vil dos criminosos. Enquanto a decisão não sai, milhares de estupros acontecem por aí turbinados por frases como:”Ah, mas também com aquela roupa”” Por que não denunciaram antes? Aí tem”, “Segurem as cabras, vou soltar meus cabritos”. Se você já falou uma dessas frases, tenho uma notícia: você incentiva a cultura do estupro. 

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