sábado, 22 de dezembro de 2018

Os 100 mil motivos para escrever

Mais certo do que o jingle de Natal da Leader é o especial de fim ano do Roberto Carlos. Ele é exibido desde 1974 na TV Globo. Roberto é um ídolo televisivo, explodiu na Record em 1965 e seu grande sucesso era Quero Que Vá Tudo Pro Inferno. Roberto e Record fazendo sucesso com algo que tenha a palavra inferno parece coisa de uma outra vida. 

No excelente O Réu e o Rei, de meu companheiro na PUC, Paulo Cesar Araujo, tem a história da canção “Eu Quero Apenas”. Roberto vinha tendo vendagens recordes, mas a mítica marca do milhão não chegava. A vendagem dessa quantidade de LPs virara uma obsessão. Então o cantor explicitou o desejo  no refrão da música: “Eu quero ter um milhão de amigo e bem mais forte poder cantar”. 

Mas esse texto não é sobre o especial do Rei, que aliás seguiu o roteiro de trazer a atriz de sucesso na novela das 21h para cantar. Ano passado foi Isis Valverde, esse ano, Marina Ruy Barbosa. Teve Michel Teló esbanjando carisma e uma sempre irretocável Zizi Possi. Bem, vou parar por aqui, pois eu disse que o texto não seria sobre o especial e acabei fazendo um resumo do programa. Muito sério isso de não cumprir o que prometeu. 

Esse post é para comemorar as 100 mil visualizações do blog. Há dois meses contava com essa marca, no entanto, mudanças no algoritmo do Facebook (minha principal fonte de divulgação) fizeram com que os números caíssem. Então o que seria algo de relativa facilidade foi se tornando uma meta inalcançável. 

Precisei escrever 368 textos para conseguir a marca (o que vocês estão lendo é o 369º). São 14 meses dedicando parte do meu tempo a essa atividade diletante de escrever sobre o que der vontade. 

Usei esse espaço para chorar, para vibrar, para matar saudade com lembranças doces ou para mostrar angústia com o rumo que algo estava tomando. Defini como cláusula pétrea deste blog a honestidade. Se não conseguir ser honesto com o que estou escrevendo, nem começo. 

Não tenho disciplina para essa contagem, mas acho que falar de mim, da minha família e dos meus amigos tomou boa parte destes textos. Talvez pela intensidade deste ano, alguns achem que falei de política demais. Destes 369 textos, se falei de política partidária em 20% foi muito. 

Já contei isso, mas o blog surgiu da sugestão de uma aluna que me alertou que textão no Facebook é ruim. Ao criar o blog aproveitei a melhor coisa proporcionada depois que deixei a Rádio Globo: a liberdade de expressar publicamente o que acho de alguma coisa. Neste espaço a linha editorial é minha. O compromisso é poder sangrar o verbo até que dele reste apenas emoção. 

A tarefa de escrever é inglória. A alma fica nua a cada letra. E o objetivo é que alguém leia. Se o texto transformar uma pessoa, fizer repensar uma atitude, provocar um sorriso ou uma boa lembrança, já valeu a pena ter escrito. São 100.000 visualizações. Escrevi com os 6 algarismos que a marca merece. 

Tem post patrocinado que chega a esses números em minutos, mas aqui o “patrocínio” é da dor, das lágrimas, do sorriso e das delícias da vida. São esses sentimentos que alimentam a minha escrita. A doce prepotência de achar que tenho algo a dizer. Ter 100 mil visualizações é uma meta muito mais modesta do que 1 milhão de amigos. Mas o cara é Rei, eu só tenho a velha calça desbotada. 



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