domingo, 24 de junho de 2018

Aínda sobre as lágrimas de Neymar

Aprendi um provérbio africano que, na minha modesta opinião, pode servir muito bem ao que pretendo discutir no texto de hoje: a mão que dá é a mão que dirige. Pragmaticamente, a frase explica as relações mercantilistas existentes no futebol em geral e na seleção brasileira em particular. Resolvi dar seguimento à história do choro do Neymar por causa de algumas observações que recebi de leitores/amigos em relação ao último texto. 

Um amigo que trabalha administrativamente com o esporte me explicou que as posições da Copa do Mundo são todas “bookadas “, ou seja compradas. 

Segunda minha fonte, foi provavelmente por isso que o Tino Marcos teve a oportunidade de estar perto do banco de reservas e ter acesso à chuteira do Philipe Coutinho: “ele pode ter pedido ao massagista, ou até ao próprio jogador. Mas a TV Globo comprou a posição e pode ficar perto do banco de reserva, qualquer emissora poderia comprar”.  O provérbio africano me voltou à mente: “a mão que da...”. 

Outro amigo, que tem memória de elefante, me explicou a passagem do Tino Marcos com a chuteira do Philipe Coutinho. Ele me disse que na Copa de 2002, quando o Ronaldo Fenômeno fez o gol de biquinho na semifinal contra a Turquia, o repórter fez uma passagem parecida. Trata-se de um caso de autorreferência. 

Um terceiro leitor, duvidou da sinceridade no choro do Neymar: “Creso, só você para acreditar. Só a sua pureza! Foram lágrimas de crocodilo”. Meu amigo cético disse ainda: “parece uma vez que o meu Fluminense se classificou num jogo difícil da Libertadores e o Renato Gaúcho se ajoelho no meio de campo do Maracanã. Ele sabia que todo mundo estava prestando atenção nele e fez o teatrinho”. 

Realmente não sei. Mas tenho que respeitar a tese de meu amigo, ele entende dessas coisas. Está há muito tempo no mundo do futebol exercendo cargos de direção e lidando com as estrelas.  Eu continuo achando que o choro do Neymar foi uma gota de humanidade, depois, a pessoa jurídica voltou a dominar a cena. 

Uma amiga me lembrou algo preocupante: “o Neymar vence os jogos e quer dar ‘respostinhas’. Em vez de comemorar, de ir namorar, ele fica dando ataque. Parece que mudou o técnico, mas o Dunga não saiu de dentro dele”. 

Quando ganhou a medalha de ouro olímpica, Neymar deu um recado aos críticos. Isso realmente é chato. Ele tem que ter a consciência de que seu dom para jogar proporcionou que ele estivesse onde está. No entanto, o que o mantém ali é o distinto público e a imprensa. Um exemplo de um cracaço sem mídia é o Rivaldo. Ele foi o camisa 10 num título mundial, no entanto, poucos se lembram dele. Em 1999, foi eleito o melhor do mundo pela FIFA, mas não soube ou não quis se tornar celebridade. 

Que o Neymar faça mais gol e que a gente aprenda a colocar cada coisa em seu lugar. Seleção é uma coisa, país é outra, futebol é uma coisa e política é outra, apesar da insistência, devemos evitar colocar tudo no mesmo pote.

Tem um filme de terror se avizinhando e ele se chama Alemanha, traz no letreiro um 7 a 1 flamejante, que nos piores sonhos volta como se fosse um looping com aquela voz conhecida: “ih, virou passeio”. 


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