segunda-feira, 11 de junho de 2018

Globo e Tupi farão cobertura desbotada da Copa

Uma das características tradicionais nas transmissões esportivas no rádio é o uso do reverb. Se você não liga o nome à pessoa, é aquele efeito que dá uma ideia de amplitude na voz, aumenta o eco e, consequentemente, preenche espaços sonoros. 

Já ouvi opiniões respeitáveis contra e a favor sobre o uso do reverb. Como tudo na comunicação, depende da linha editorial adotada pelo veículo. 

O Show do Antônio Carlos, hoje transmitido pela Tupi, sempre usou. Roberto Canazio usava  Tino Júnior, por exemplo, não gostava de usar. 

O certo é que o reverb é um recurso muito usado em rádios populares e talk. O som do reverb sublinha uma época. Como disse anteriormente, depende do gosto do freguês 

Estava na rua no momento do jogo do Brasil. Decidi ouvir o que faziam as rádios Globo e Tupi. A emissora da Fonseca Teles escalou o time titular. José Carlos Araujo e Washington Rodrigues. 

Os locutores chamam o uso do reverb de “brilho da voz”. Enquanto na Tupi, o eco era usado “sem medo de ser feliz”, na Globo, se havia, era discretíssimo. Qual o resultado sonoro?

A transmissão da Globo era cool, era Bossa Nova, um clássico, como clássica e charmosa é a transmissão de Edson Mauro. A transmissão da Tupi era uma festa animada. O brilho na voz e a interação de Garotinho e Apolinho davam um ar muito mais animado na condução do jogo do time da CBF. Nada a ver com a qualidade dos comunicadores, todos craques,  e sim com a plástica das transmissões.

Entendo e não acho totalmente errado que a rádio Globo tenha abolido o reverb de sua plástica sonora. Da mesma forma, compreendo que a Tupi não é mais concorrente da Globo. No entanto, no futebol, por mais que o comando da Globo queria modificar o fato, a verdade é que as duas disputam o mesmo público. 

Deixar a narração quase “flat”, como fez a Globo no jogo da seleção, dá um ar de anticlímax à transmissão. O ouvinte acostumado com a transmissão radiofônica irá para os braços da Tupi. 

Quem pensa em rádio não pode pensar apenas no que é dito, mas como essa mensagem é plasticamente embrulhada. A plástica da Globo no futebol está o tanto quanto sem brilho. 

A música da Copa que a Globo lançou é um pouco chata. A rádio deu uma guinada para a sofisticação, mas na hora de escolher a trilha sonora para a Copa, fez a opção por uma melodia mais humorística. 

Então, há um conflito na transmissão esportiva. Uma plástica “flat” com a bola rolando e uma música “engraçadinha” como trilha da Copa. 

O fato é que pela primeira vez em muitos anos a emissora não terá locutores no país em que se realiza a Copa. A Tupi também não deve ter. Vou refazer o período anterior, talvez essa seja a primeira Copa desde 1950 em que a Rádio Globo não terá locutores no país em que se realiza a Copa. 

Isso é muito triste para quem gosta de rádio. Daqui a alguns anos, gestores vão entender que não vale ter locutores na rádio. É melhor plugar no som da TV e fazer uma só transmissão. 

Quando isso acontecer, será dado o tiro para acabar com as transmissões de futebol no rádio. O veículo será tratado como apêndice. Ainda sobrará o debate, pelo menos até que alguém, saído de algum setor burocrático, entenda que o debate também é caro.  Aí, nem isso vai sobrar.

Um comentário:

  1. Me dei conta que esta será a minha primeira Copa fora de veículo. Dói. É chato. A vibração do rádio, mesmo desse mais flat e clean e ryco e phyno, é insubstituível para mim. Confesso que ontem, como estava em casa, preferi não arriscar a ouvir a narração da RG. Fiquei com receio de magoar minhas boas lembranças...pelo que vc me conta,fiz bem. Beijo e obrigada

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