quarta-feira, 17 de abril de 2019

As fotos são imortais




Acabo de ver uma foto de quando eu tinha 16 anos. Isso não é uma coisa muito constante para mim. Não tenho um arquivo iconográfico dos mais completas desta época. Hoje em dia, graças à minha mulher e aos avanços da tecnologia tenho muitas fotos. Na fotografia estava com uma pessoa que perdi o contato mais ou menos pela época que a imagem foi registrada. Por não saber se ela gostaria de ter sua imagem publicada no blog, cortei-a. Olhei a foto e fiquei procurando traços daquela pessoa que eu fui. Cheguei a ampliar a foto e me olhar ao mesmo tempo no espelho. De fato,  não encontrei muitas coisas. 

A foto se tornou especial por um motivo. Nela, tenho a mesma idade que meu filho mais velho atualmente. Ou seja, além de procurar traços do que me tornei, quis entrar na máquina do tempo e comparar o cara da foto com meu filho. 

Vi algumas semelhanças, obviamente. Menos do que imaginava. Para a sorte dele, minha mistura com a mãe poupou-lhe do meu nariz. 

Olhar meu sorriso naquela foto é quase como olhar uma esfinge. O que sentia e ansiava naquele momento? Apesar da minha boa memória, o registro me surpreendeu, logo, não consegui resgatar o que sonhava naquele instante. 

Acho que sorria levianamente como só os jovens conseguem sorrir. Um riso sem cálculos, sem jogo de cena. A preocupação com um futuro que parece tão distante que na verdade nem chega a preocupar. Se fosse possível colocar o jovem rosto na alma de hoje talvez descobrisse os sons semelhantes das duas épocas. Refleti e concluí que os medo os une. Nem sei como consegui tirar uma foto com aquelas montanhas ao fundo, sim, havia montanhas ao fundo. Acho que estava bem alto. O sorriso é de esfinge mesmo. 


Além dos mais de 30 anos que separam a pessoa que aparece no retrato da que escreve este texto, certamente há outra  diferença significativa. A imagem aprisionada na fotografia é imortal, o escriba perdeu essa ilusão. Mas acho que quando me distraio continuo com esse sorriso nas fotos. 


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