terça-feira, 30 de abril de 2019

Beth Carvalho, a Rainha do Samba

Há mais de 25 anos não via um show de Beth Carvalho. Falha minha. Coisinha do Pai e Andança fazem parte da minha infância e da minha formação como ouvinte musical. Logo, é um problema que eu devo resolver com a minha consciência de fã. 

Beth Carvalho era uma menina da Zona Sul do Rio que se encantou com o ritmo que vinha do morro. A cantora ajudou o samba a entrar na classe média, lançou inúmeros compositores, tanto é que é chamada de madrinha por vários deles, e jogou luz na obra de grandes mestres como Nelson Cavaquinho. A interpretação dela para Folhas Secas é inesquecível e definitiva.

Esses shows que vi da cantora são da época em que eu trabalhava como assistente de produção no People, casa noturna que ficava na Bartolomeu Mitre, no Leblon. O endereço guarda inúmeros serviços prestados à música brasileira e abrigar os shows de Beth foi um deles. 

Nos anos 70 e 80, Beth Carvalho foi uma Midas do samba. Emplacava sucesso atrás de sucesso. Quando acompanhei seus shows, ela ainda frequentava as paradas de sucesso, no entanto, sem a força de antes. Mas a Rainha do Samba já estava no Olimpo. Continua fazendo muitos shows. 

Ao lidar com ela constatei um temperamento forte e um carisma impressionante. Fazendo contas rápidas, me dei conta que a cantora tinha na ocasião daquela temporada a mesma idade do que eu hoje em dia. 

Há poucos meses Beth fez um show deitada numa cama. Só alguém com sua personalidade toparia tal situação. Na época, apesar de reconhecer nisso uma atitude muito corajosa, achei que ela poderia ter se poupado. Mas a majestade permite tais ousadias. 

Eu vou ficar com a Beth dos cabelos grandes, dos vestidos brancos rodados tomara-que-caia, de um sorriso cativante e a voz poderosa. Essa Beth é eterna: madrinha de tantos compositores, Rainha do Samba. 

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