domingo, 11 de novembro de 2018

Asas fortes

Conversava há pouco com um amigo que sofreu um infortúnio profissional. Depois de algum tempo, ele deixou a empresa que trabalhava. Nosso diálogo foi curto, não quis saber detalhes de sua demissão. Acho que esse tipo de coisa só deve ser conhecido se o demitido quiser contar. 

Fiquei pensando nas vezes que fui demitido. A primeira sensação é a de falta de chão. Em nenhuma delas fui surpreendido. Sabia onde o cutelo estava guardado e que mãos o dirigiriam até o meu pescoço. Ah, apesar da cor da frase, retirem o drama dela, por favor. 

Os ciclos se encerram, voluntária e involuntariamente. Quando esse fim chega, a saída é pensar no recomeço que ele proporcionou. Diante do que parece definitivo, pense numa piada ou num sorriso. Ronald Reagan não está entre meus ídolos. Mas uma pequena história dele me fez ter alguma admiração. 

Ao descobrir que fora acometido pelo mal de Alzheimer, dirigiu-se ao médico e brincou: “Bem, agora farei amigos novos todos os dias”. Rir diante do que parece definitivo comprova o grau de seriedade que devemos dar à vida, ou seja, não levá-la à sério demais. 


Encerrei nosso curto diálogo digital desejando-lhe boa sorte. Meu amigo tem asas fortes que poderão  transportá-lo aos portos mais distantes. Como resposta recebi o diagnóstico que liberdade e leveza são indispensáveis na vida. Que a jornada guarde mais momentos livres, leves e alados ao meu amigo, a mim e aos meus. 

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