quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Encerrar ciclos

Pessoas cruzam e descruzam nossos caminhos. Não há nada de novo nisso. No entanto, há aquelas que mesmo de longe velamos por elas e elas por nós. É importante não perdermos essas de vista, mesmo que elas sejam só silhuetas distantes. 

Todo período na faculdade que se encerra é assim. Na última aula há pessoas que você vai ver pela última vez. O final das aulas é o fim de um relacionamento coletivo. Nunca mais, àquelas pessoas estarão reunidas naquele contexto. 

Não há tragédia nisso. É um ciclo natural. As turmas se reúnem e suas dinâmicas são únicas. Não há uma turma igual a outra. Elas não se repetem nem se daqui a algum tempo forem formadas pelas mesmas pessoas. 

Não sou a mesma pessoa que fui ontem. Ninguém é. A vida é longa-metragem, não foto na estante. Esta frase guarda um pouco de saudade prévia e melancolia, dissolvidas nas lembranças das risadas, dos momentos tensos e dos desafios. 

Não é fácil estar na frente de 140 alunos por ano, sabendo que nunca seremos exatamente o que eles esperam. Seremos diferentes, ungidos pela imprevisibilidade que as relações humanas despertam.

Nesse tempo na estrada, aprendi que não posso barrar uma ideia ou bloquear um caminho. Devo aconselhar, mostrar que há opções. Achar o delta da equação da vida não é exato. As operações dependem do que aprendemos e do que estamos dispostos a aprender. 

A vida nos desafia a não sermos um desperdício de nós mesmos. E amigos, numa sala de aula, com jovens que têm menos da metade da sua idade, esse desafio se mostra mais intenso. 

Eles são reflexo do que você já foi. Mas na verdade com rugas  a mais e cabelo de menos, você se encontra num momento irmão ao deles.  A vida é o correr de sangue pelas artérias. E nos batimentos do coração moram desafios a cada passo. Tenha você 5 ou 50 anos. As perguntas que fazemos não mudam muito, as respostas que esperamos, sim.

Então, sonhe para não perder tempo sofrendo. Deseje pois a vida é breve, independentemente da duração. Não tenha medo de amar. Ande com sapatos confortáveis. E de vez em quando, tome chuva  você pode pegar um resfriado, mas não inventaram jeito melhor para lavar a alma. 

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