sábado, 29 de setembro de 2018

Cosby, Kavanaugh e Bolsonaro

Bill Cosby foi condenado por ter abusado de 60 mulheres em 40 anos. O homem que era um dos ícones da cultura negra americana teve a biografia aniquilada por não ter respeitado as mulheres. Os advogados tentaram usar a mesma estratégia da defesa do OJ Simpson para tentar livrar  Cosby da cadeia. No entanto, tentar desviar para a questão racial o que de fato é crime contra a mulher não funcionou desta vez. 

Ainda nos EUA, o indicado de Donald Trump para a Suprema Corte, Brett Kavanaugh é acusado por Debora Ramirez de ter tido comportamento abusivo com ela. O assédio teria ocorrido em 1980, quando Kavanaugh cursava o primeiro ano de direito em Yale. 

Temos o nosso escândalo por aqui. A ex-mulher do candidato do PSL à presidência acusou-o de tê-la ameaçado de morte por conta de um separação turbulenta, em 2008. Na época, ela afirmara que Bolsonaro era agressivo e que esse fora o motivo da separação. Ana Cristina Vale retirou a queixa contra o deputado e hoje se candidatou com o nome de Cris Bolsonaro. Mesmo assim, a briga do passado deu mais munição contra o líder nas pesquisas presidenciais. 

Antes de se “arrepender” das desavenças, Ana Cristina fez diversas acusações ao capitão. Dentre estas, a de que Bolsonaro escondia bens e que naquele momento tinha rendimentos mensais superiores a R$ 100 mil. Como o salário de capitão da reserva era de cerca R$ 8 mil e o de parlamentar de pouco mais de R$ 26 mil. Há uma diferença de mais de R$ 60 mil para explicar. 

A crônica política brasileira é pródiga em histórias de ex-mulheres que complicam a vida política de seus ex-maridos. Nicéia Pitta, por exemplo, acabou com a carreira do ex, Celso Pitta, ao acusa-lo de corrupção no período que esteve à frente da Prefeitura de São Paulo. 

O escândalo envolvendo a ex-mulher ocorre quando Jair Bolsonaro tenta estancar a possível fuga do eleitorado feminino. De acordo com a pesquisa Ibope de 25 de setembro, o candidato do PSL tem 21% das intenções de votos entre as mulheres. Em 20 de agosto, ele tinha 13%. No entanto, se ele voltar a este patamar, pode ser ultrapassado ainda no primeiro turno por Fernando Haddad. 

No DataFolha desta sexta, Bolsonaro e Fernando Haddad tiveram números idênticos aos do último Ibope (28X22). A diferença é que enquanto o candidato do Bolsonaro se manteve estável na comparação entre o DataFolha da semana passada e o atual, o petista subiu 6 pontos. 

Os 28% que Bolsonaro mantém são números para levá-lo com segurança ao segundo turno. No entanto, as pesquisas ainda não captaram se as acusações contra O capitão vão provocar algum estrago. Se tiver seus números atingidos pelas denúncias cias pode começar a desidratação do candidato do PSL. Além de ser mais uma querela com as mulheres, as acusações de omissão de patrimônio podem acertar Bolsonaro em um de seus pontos mais fortes: não ser suspeito de corrupção. 

As consequências desta desidratação seriam colocar Geraldo Alckmin novamente no páreo. Neste momento, faltando pouco mais de uma semana para a eleição, a meta do tucano ainda é muito distante. Neste momento 18 pontos percentuais. No entanto, essa é a última cartada de Geraldo Alckmin para salvar o “Titanic” que é sua campanha. Com muito mais tempo do que os rivais, Alckmin parece que não chegará ao Porto, no caso, o segundo turno. Para alcançar a segunda etapa, p tucano precisará da queda de Bolsonaro, além disso, terá que convencer o leitor anti-petista que venceria Fernando Haddad. O DataFolha mostrou um empate numérico entre os dois (39X39). 

O voto feminino pode ser decisivo nas pretenções de Bolsonaro de chegar ao Planalto. As manifestações deste sábado podem ser o golpe que falta para que Bolsonaro comece a cair. 

Cosby, Kavanaugh e Bolsonaro estão unidos na mesma encrenca. O comediante foi condenado. Os outros dois por causa de um comportamento abusivo contra as mulheres, podem ver escapa a grande oportunidade de suas vidas. Para chegar ao Planalto, o capitão vão ter que convencer as eleitoras que não é o que seus atos e declarações insistem em mostrar. 




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