domingo, 23 de setembro de 2018

Não será por falta de aviso

Entramos nas duas últimas semanas de campanha com Geraldo Alckmin batendo desesperadamente em Jair Bolsonaro. A estratégia tucana seria essa durante o primeiro turno, no entanto, o atentado ao candidato do PSL fez com que os ataques parassem. 

Apesar de não ter recebido alta, Bolsonaro voltou à campanha do jeito que deu. Gravou vídeos, fez bravatas e tentou mobilizar seus seguidores. Até o momento deu certo. O capitão só tem subido nas pesquisas. 

No entanto, a campanha de Alckmin vai virar todas as baterias para desconstruir o líder das pesquisas. Além disso, as declarações fortes do vice, o general Mourão, podem espantar eleitores de centro que começavam a colocar o dedo no nariz e se alinhar ao lado bolsonarista. 

É bom lembrar que em 2014, tucanos e petistas bateram tanto em Marina Silva que a derrubaram e fizeram o segundo turno. Então, essa é a esperança da campanha de Alckmin. 

A carta de Fernando Henrique Cardoso pedindo a união dos candidatos contra o radicalismo de Bolsonaro e Haddad teve um efeito de “fogo amigo”. Fazer o texto e não citar explicitamente Geraldo Alckmin pegou mal. Mandar um Twitter posterior dizendo que o tucano era a pessoa para a qual deveriam convergir os que não querem radicalismo foi o típico caso de “a emenda saiu pior do que o soneto”. 

O apoio de Fernando Henrique a Alckmin é protocolar. Já ouvi de um tucano ligado ao ex-presidente que ele gostaria de Marina Silva na chapa. Diante dessa informação e de toda a hesitação para participar da campanha de Alckmin, não é difícil imaginar que a omissão na carta da “conciliação” foi proposital. Os dois pertencem a PSDB’s diferentes. 

Por enquanto, essa campanha já registra uma mudança significativa. O tempo na propaganda de Alckmin de nada adiantou para seu desempenho nas pesquisas. Fez o arco de alianças com o “saco de gatos” chamado Centrão. Fez todo tipo de acordo para garantir os apoios e a exposição no horário eleitoral. O problema é que os números não subiram e as traições têm tudo para começar. 

E o PSDB está cada vez mais próximo de ter perdido o discurso de ser o anti-PT. E para o lugar foi escalado Jair Bolsonaro. Você eleitor que pretende colocar a “mão no nariz” e votar no capitão, deveria dar uma olhada na coluna de Mônica de Boille, na Época desta semana. Ela é diretora de Estudos Latino-Americanos na John Hopkins University. 

Monica fez uma compilação útil de frases bolsonaristas. Sempre é bom ter contato com o conteúdo do que é dito por ele. O que vier depois da eventual eleição do candidato do PSL terá a digital dos eleitores dele. 

Em 1998: “Pinochet deveria ter matado mais gente”
Em 1999: “Você só vai mudar, infelizmente, quando nos partirmos para uma guerra civil aqui dentro. É fazer um trabalho que o regime militar não fez. Matando 30 mil, a começar pelo FHC”. 

Neste momento os “relativistas” diriam: mas são declarações de duas décadas atrás. Então, vamos atualizar o status das configurações de ódio do candidato:

Em 2016: “O erro da ditadura foi torturar e não matar”. 
Em 2017: “Sou capitão do Exército, minha especialidade é matar”. 

Ao votar em Bolsonaro, você será cúmplice do que vier a acontecer. Como escreveu Bernardo Mello Franco n’O Globo, Haddad e Bolsonaro não são duas faces da mesma moeda, são moedas muito diferentes. 

A campanha começa a se definir agora. Prenda a respiração, o final do filme interessa 210 milhões de pessoas. 


Um comentário:

  1. Lembrei dos, hoje extintos, adesivos "a culpa não é minha votei no Aécio".

    Tomei a liberdade de compartilhar no Facebook.

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