sexta-feira, 10 de agosto de 2018

Cabo, capitão e os memes

Via a entrevista do capitão na Globo News, quando em determinado momento, ele vaticinou: a presidência é uma missão de Deus. Minha filha, aos 12 anos, pulou do sofá e gritou: pai, esse cara é louco, coitado de Deus. Depois ela voltou para o universo de alguma série do Netflix. 

Lembrei do caso ao ver as imagens do Cabo Daciolo abrindo a Bíblia no debate da Rede Bandeirantes. Uma das tragédias do mundo é a mistura de política e religião. E ontem Bolsonaro, Marina e Alckmin apelaram para a graça de Deus para ter êxito na corrida presidencial. 

Por favor, não sou contra Deus. Aliás, acredito nele. Mas é desalentador o uso indevido para angariar votos. O Rio de Janeiro está vivendo os efeitos desta mistura palanque/púlpito. 

Outro aspecto me chamou atenção na noite desta quinta-feira.  Li em algum lugar que enquanto o debate batia recordes  no Twitter, atingia apenas 5 pontos de audiência na TV. Nas redes sociais, proliferavam memes e hashtags do encontro dos postulantes à presidência, na TV aberto a maioria das pessoas acompanhava a busca pela nova voz do Brasil. 

Como já foi dito, essa eleição vai ser a prova de quanto os meios de comunicação tradicionais ainda vão ser decisivos no pleito. A disparidade de números entre a relevância da Band na web em comparação ao alcance na audiência da TV aberta deixa a dúvida mais latente. 

A internet é um campo heterodoxo. A maior repercussão do debate nas redes foi do inexpressivo Cabo Daciolo. Que conseguiu descobrir 400 bilhões de sonegadores no Brasil, número que só seria possível se a gente encampasse o território de alguns planetas, pois a população mundial só representa 5% do total de sonegadores que o político diz ter só no Brasil. Além disso, o meme dele segurando a Bíblia é um campeão de audiência. 

Um amigo esperto deu uma opinião que sou obrigado a refletir. No último post eu questionei o motivo da candidatura de Henrique Meirelles.  Meu amigo me chamou atenção do fato que queria dividir com você. Meirelles pode ter entrado na eleição para ser “boi de piranha” de Geraldo Alckmin. Desta forma, Temer poderia usar a máquina para fazer campanha para o tucano, sem se mostrar.  O presidente mais impopular da história não atrapalharia com sua imagem tóxica seu verdadeiro candidato. 


Achei essa hipótese muito interessante. O que levaria Meirelles por ter sido colocado na arena para perder. O Ministério da Fazenda? A presidência de um dos bancos do governo? O tempo poderá responder. 

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