sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Temos que matar as distâncias que nos separam

Paradoxalmente, neste mundo sem fronteiras o distanciamento é uma das grandes doenças. É incrível como o avanço das tecnologias causou este dano. 

A jornalista Fernanda Galvão escreveu um post no Facebook em que disse estar tão acostumada com o WhatsApp, que quando ligam, ela até estranha. Acho que todos nós temos essa sensação. 

Temos disponibilidade para “teclar” por longo tempo, mas se o telefone toca, não atendemos, pois a conversa pode roubar nossa atenção. Em nossa sociedade, falar  ao telefone denúncia a idade dos interlocutores. É coisa de gente “da antiga”. 

A voz do outro interagindo ao vivo é uma invasão. Alguém poderia dizer que o serviço de áudio nas mensagens substituiu a ligação. De forma alguma isso é verdade.

Respirações, hesitações e pausas que permitiriam uma resposta interruptiva  somem deste tipo de comunicação. O áudio do WhatsApp acabou com aquela réplica instantânea. Você escuta e responde. E nesse tempo criado entre perguntas e respostas, os filtros trabalham e a relação fica menos espontânea. 

Não vou pregar a volta do sinal de fumaça, nem do pombo-correio, mas sim que a gente tenha mais preocupação em ligar para as pessoas, ou para atender o telefone. 

Temos muitas conexões, mas o que nossos tempos ensinam é que elas não são  sinônimos de laços. São no máximo pontas soltas, que sem a firmeza na parte extrema, se perdem. 

Tenho uma prima, a quem chamo de tia, que está com 88 anos. Ela até tem celular, mas não se entende com a traquitana. Com a Tia Nelly pratico o velho de hábito de falar ao telefone. Assumo que deveria fazer isso com mais gente. 

Ando em falta com muitos amigos. O WhatsApp não encurta distâncias, as estabelece. Mas as distâncias podem ser diminuídas por movimentos sutis do universo. 


O Eduardo e a Christiane estão comemorando a chegada da Catarina neste dia 31. A data é especial para a família deles e para minha também. Afinal, a mulher que amo e é minha companheira da vida faz aniversário. As duas com nomes de rainhas russas do século XVIII fecham o mês de agosto e se encontram na felicidade que proporcionam aos que as amam. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário